Eu, sozinho em São Paulo, no METRÔ…

são paulo

Comecei a andar de bengala sozinho, como já citei anteriormente. A necessidade de independência e os impulsos da juventude me compeliam a novos desafios. Tive de ir a São Paulo. Fiz isso várias vezes.

Diziam: “A temida São Paulo. Lá acontecem muitos crimes. O trânsito é um inferno. Lá ninguém liga para ninguém…”. Mas a juventude, irmã da liberdade, uivava pelo desafio. A fé e a coragem vieram ajudar, como costumam fazer quando a gente se propõe a algo para ampliar nossos horizontes. 

Fui para a Fundação Dorina Nowill, na Vila Mariana. Iria para outro mundo. Nada mais adequado que o nome da empresa de ônibus que me levou de Jundiaí a São Paulo: Cometa. Na época, a rodoviária era na praça da Bandeira, próximo de casa.

Fui até lá e perguntei onde era a bilheteria. O dinheiro no bolso contado e guardado de forma que eu soubesse exatamente o que estava dando para outra pessoa. O coração explodindo. Estava a minha própria conta. 

Desembarcando em São Paulo, pedi que um funcionário me levasse ao Metrô. Aí, a surpresa. O rapaz que me recebeu disse de forma profissional e prática: “para qual estação vai?”

Ele me colocou no trem. Chegando ao destino, mal coloquei o pé na plataforma, outro funcionário igualmente profissional disse: “Você é o José? Para onde vai?”. E me deixaram na rua que precisava.

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Andei algumas quadras até chegar na Fundação. Em São Paulo, ao chegar em uma esquina ouvia: “quer ajuda?”. A pessoa me deixava do outro lado e seguia seu caminho.

Em Jundiaí naquela época não era assim. Não recebia ajuda imediata para atravessar uma rua. Ficava esperando. As pessoas eram reticentes. 

Décadas depois, adquiri consciência de que o que me conteve nesta vida foram meus medos. Não minha cegueira.(Foto: www.imagine.art)

JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA

Formado em Psicologia na Universidade São Francisco (USF) e Psicanálise pelo IPCAMP(Instituto de Psicanálise de Campinas). Atua no AMI (Ambulatório de Moléstias Infecciosas da Prefeitura de Jundiaí) e em consultório particular. É deficiente visual. WhattsApp: (11) 982190402.

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