Neste momento de convulsão social, com problemas de pandemia, de política e de relacionamentos, temos ouvido com frequência: Satanás está solto!
Quem será esse Satanás, afinal? São tantos os nomes e cognomes que lhe dão múltiplas facetas: Além de Satanás, temos Capeta, Diabo, Maligno, Belzebu, Maldito, Príncipe das Trevas, Cão, Beiçudo, Tinhoso, Rabudo, Demo, Satã, e Lúcifer, estes os mais conhecidos. Os antigos hebreus o chamavam de Semihazad, Azazel e Asmodeu. Os muçulmanos o chamam de Eblis e é claro que, com tantos nomes, ele se sente muito importante.
Como estará o dito cujo neste momento? Ao que tudo indica, vitorioso! Quantas desavenças está conseguindo e quantas vidas perdidas em meio a confusões?
Os donos de livrarias informaram que, atualmente, os livros mais procurados são os de magia. O mais vendido tem sido “O Exorcista” de William Blaty, seguido de “Os Demônios da Loucura” de Aldous Huxley, vindo depois os de Paulo Coelho “Diário de um Mago” e “Brida”. Isso mostra que há muito interesse em assuntos sobrenaturais.
Parece que o Satanás da Bíblia queria apenas fazer o homem desacreditar em Deus e não reconhecer Jesus como enviado D’Ele. Suas tentações eram mais simples, menos envolventes, como: a revolta dos Anjos; a queda de Lúcifer; a traição de Judas; a luta de Cristo contra o Maldito que lhe falava para transformar as pedras em pão e que lhe oferecia todos os reinos se desobedecesse a Deus, houve, ainda, outras tentativas de persuasão.
Hoje, as “tentações” são mais vantajosas, e quantos não fariam um acordo para ter poder?
Esse assunto me fez lembrar de alguns episódios apocalípticos realizados por alguns que se consideraram “mensageiros divinos” e induziram fiéis a cometerem suicídio coletivo em nome de Deus. Em 1978, em Jonestown/Guiana, liderados por Jim Jones, 912 pessoas suicidaram-se tomando cianureto com suco. Em 1987, na Coréia, a sacerdotisa Park Sonn persuadiu seus 32 seguidores a tomarem veneno – antes, todos, em demonstração de desprendimento pelas coisas terrenas, passaram seus bens para a seita. Em 1993, no Texas, 81 seguidores de David Koresh morreram vítimas de um incêndio proposital na sede da seita “Ordem do Templo do Sol”- a seita Shoko Osaha pretendia construir um mundo sem materialismo. Em 1997, em San Diego, 39 pessoas foram encontradas mortas e, por incrível que pareça, todas tinham alto nível de escolaridade e lidavam com informática. Em agosto de 1998, foi apregoado o fim de mundo e todos viram o fanatismo imperar, muitos se desfizeram de seus bens e aceitaram a extinção da humanidade. Em 2000, Ruth Montgomery previu que o eixo da Terra mudaria e o Anticristo se revelaria. Há séculos fala-se em fim do mundo. Vez por outra, aparece um vidente falando do apocalipse e ganha repercussão!
Com tudo isso, vamos a uma pergunta:
– Quem é esse Satanás? Será que ele existe?
Na minha concepção, sim! Ele está arraigado no consciente coletivo, é um arquétipo com objetivo premeditado, planejado por quem se julga acima de qualquer suspeita ou erro. Nunca desaparecerá da face da terra porque é importante que continue como monstro assustador de figura dantesca capaz de amedrontar.
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Porém, os “detentores da verdade”, os “julgadores dos infiéis e impuros” e “salvadores da Pátria” agem sabendo que o tal Satanás é nossa insegurança e o medo de que tudo piore em nossas vidas. O medo nos cega, mas relutamos à ideia de que buscamos o poder, mesmo que seja um minipoder, para termos a sensação de segurança!
Como Jesus disse aos governantes: “Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco”. ( Mateus 15,14…)
Que Satanás, na ideia exposta acima, anda solto por aí deve ser verdade! Não precisamos procurar muito porque a competição desenfreada pelo poder gera insegurança e desavenças, onde ele, o Capeta, está sempre presente.
Acho que continuaremos, por muito tempo: cegos, sendo guiados por cegos!
Vade retro Satanás!(Foto: Filme Auto da Compadecida/2000)
JÚLIA FERNANDES HEIMANN
É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence à Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.
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