O país prende a respiração. Será que vai dar certo? O presidente defendeu em sua campanha eleitoral e agora está sendo cobrado por isso. Não pode recuar mesmo com forte pressão do setor de importação. É necessário criar empregos localmente, e não no exterior. O aumento do êxodo rural em busca de melhores condições de vida nas cidades aumenta a necessidade de desenvolver indústrias que absorvam mão de obra. Para isso, é preciso uma política que beneficie a produção local e diminua a concorrência dos produtos importados, que são de boa qualidade e têm preços competitivos. A solução foi divulgada aos quatro ventos durante a campanha eleitoral e mesmo nas regiões mais distantes da capital é motivo de debates entre políticos opositores e apoiadores do presidente da República. A solução passa pelo nacionalismo. Os produtos devem sofrer a menor concorrência possível dos importados. Assim, o governo federal, com o apoio do Congresso, estabelece tarifas protecionistas.
Os importados vão pagar imposto para entrar no país, só que vão ficar tão caros que o consumidor preferirá o produto nacional. A oposição, favorável ao liberalismo econômico, desenha um cenário desestimulador ao anunciar que os preços dos produtos nacionais não vão cair, a produção local não conseguirá atender o mercado e vai faltar produtos nas lojas. Os apoiadores das tarifas protecionistas argumentam que desestimular a importação faz equilibrar a balança comercial, sempre deficitária. O país mais importa do que exporta. O saldo comercial é negativo, o que desequilibra também a balança de pagamentos, uma vez que os dólares são aspirados para o exterior. O debate envolve políticos de direita e esquerda, estudantes, sindicatos, associações em geral e o cidadão comum.
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BRAÇO DE FERRO ENTRE LÍDERES MUNDIAIS
O nome pomposo das tarifas impostas pelo governo sobre os importados é ”política de substituição de importações”. Dê preferência ao que é nacional! A bandeira do nacionalismo econômico tremula também em outros setores, como petróleo, eletricidade, química, indústria pesada, aciaria e outras indústrias de infraestrutura. O setor comercial range os dentes. O partido do presidente acusa o setor de ser lacaio do imperialismo americano. Getúlio Vargas assume a liderança na política de substituição de importações e na defesa da fabricação no Brasil dos produtos análogos aos importados. Com as tarifas, o que deve ser uma batalha econômica se torna uma disputa ideológica entre a esquerda e a direita. Comunistas, socialistas, petebistas apoiam a criação de um monopólio petrolífero para impedir a entrada em território nacional das Sete Irmãs, lideradas pela Standard Oil, a Esso.
Vargas está de volta ao poder em 1951 e lança o projeto ‘O Petróleo é Nosso’. A bandeira nacionalista ganha o Brasil e a Petrobras se transforma na redenção salvadora de uma nação condenada a exportar matérias-primas e produtos agrícolas de baixo preço. Sai um navio de café para pagar uma pequena embarcação de manufaturados estrangeiros. O sonho de uma estatal petrolífera é atropelado pela razão social da empresa Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima. Então, admite acionistas? Sim, mas a retórica é que no fundo ela é uma estatal, mesmo colidindo com os livros de economia que a definem como uma empresa de capital misto. Muito jornalista não leu esse capítulo do livro.(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

HERÓDOTO BARBEIRO
Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”
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