TEMPESTADES EMOCIONAIS: Pobres escolhas

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De repente, de uma maneira feroz, somos tomados por alguns pensamentos (e emoções) que nos desalojam e transformam nossas Vidas em um caos completo, de maneira que pensamos que isso nunca mais acabará. Numa situação enganosa, buscamos nos agarrar em fatos ou pessoas ou coisas que nos garantam certa estabilidade emocional. Estas tempestades emocionais são frutos de pobres escolhas nossas. Mas será que esta estabilidade é sadia ou será mais do mesmo?

Muito significativa a postagem que rolou no Facebook, estes dias que diz: “é melhor não tá do que tá e não tá”, dando tom sarcástico e real de uma relação frouxa. Porém, o que vamos acentuar, é a questão emocional que tortura (ou alivia) aquele que busca se firmar, de uma ou outra forma, num espaço que talvez não o pertença. Questões a serem bem observadas, mas que os sinais relacionais são mestres em nos mostrar.

A ideia de que as emoções vão durar indefinidamente, deixam fora de controle e são perigosas por cobrar um contato já desnecessário. Não fazem diferença, para uma das partes, já oscilam entre emoções diferentes e chegam a ser vergonhosas por descortinar certa dependência que já não se sustenta. Quando pensamos na relação entre irmãos, amigos, pares amorosos, casais, percebemos que sempre haverá um que se esquiva e tenta manter o domínio e outro que busca a relação, como se tudo pudesse voltar ao início.

Ledo engano: um vaso ao se partir pode ser bem colado que jamais voltará ao estado de perfeição. Isso é ruim, porque dói ao ser percebido e isso é bom, porque liberta e facilita a autodescoberta e a possibilidade de recomeço em outras direções. Entretanto, o lado ruim leva a reflexões que escancaram que algo já vinha mal, que alguns comportamentos já indicavam ruptura ou dissolução, mas as palavras macias e dissimuladoras buscam não manifestar que o caos já esteja instalado.

Vale lembrarmos que a reflexão sobre a situação facilita entender o passo a passo da proposta que parecia harmônica e se desfez, sem prévio aviso. Sim, sem prévio aviso porque atendeu apenas a uma expectativa, não prevenindo que o tecido emocional estava esgarçado. Muito mais comum do que pensamos ser, a fragilidade das relações humanas flanam sobre intenções desconhecidas e insensatas, ainda que os argumentos “tentem” falar o contrário.

Aqui, neste momento cabe dizer que as atitudes falam mais do que as palavras. Ainda que se insista em garantir a normalidade, os gestos são mais preciosos e apontam para a porta de saída. A realidade da Vida é que nem sempre poderemos ser felizes, nem poderemos evitar decepções, nem escapar das agonias que nos tomam ao percebemos o engano. Porém, o objetivo é viver uma Vida mais plena, aberta e menos ilusória. Aprender como normalizar o que parece ser anormal e avançar para novos cantos e relações é possível, mesmo diante da dor causada pela surpreendente descoberta do engano.
É possível que possamos atingir o sucesso diante dos percalços e das dores, das meias palavras e das atitudes hostis; o desconforto nos possibilita construir outras trilhas e enxergar novas propostas, estranhas em seu inicio, mas fortalecedoras no momento de perceber (percepção) o tamanho do Universo e o tamanho daquela situaçãozinha. É a percepção de ser capaz de seguir em frente.

Tenho amigos que me perguntam se eu entendo de química, ou de engenharia civil ou de vendas ou de administração. Respondo sempre que não entendo de nada disso, mas estudo, e muito, as relações humanas e em todos estes setores as relações humanas estão latentes e gritando: o homem é homem em todas estas esferas e se apresenta dentro de certos padrões, independente de sua profissão ou ocupação. Ele é homem e como tal, suas atitudes respeitam certas padronizações.

Não, não somos iguais, mas temos padrões, temos “jeitão” que nos coloca em grupos, que nos possibilita enxergarmos estilos, que nos tipifica. E isso é científico como a tipificação de gênero, raça. Discordar é desconhecer a ciência e desnecessário, ainda que alguns queiram concordar e outros não. Os olhares de desconfiança são reais mas ao tomarmos conhecimento da questão, passam os a perceber que temos similaridades e aproximações, o que nos possibilita gruparmos aqui ou ali, sem desmerecimento.

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E, então, passamos a perceber que as emoções, mesmo aquelas que parecem que vão durar para sempre, são temporárias, apesar de assustadoras. Assustadoras pela entrega total, pelo prazer, ou pelo desastre que nos causam, pelo caos em que nos colocam. Felizmente, não há mal que não se finde. Sabendo disto, temos que gerenciar nossa escolha e manter foco naquilo que nos agrada e nos faz bem, sempre tendo em consideração o lamaçal por onde caminhamos. Os cadafalsos sempre se nos apresentarão e teremos que saber onde pisar. Sempre teremos que saber o quilate das nossas escolhas, para que não entremos em ciladas, criadas pelos nossos ímpetos de buscar companhia, se fugir da solidão.

Os cuidados emocionais são reparados com novas e sadias escolhas, criteriosas e cuidadosas, para que não nos sintamos vilões de nós mesmos. Muitas vezes nos é colocado culpa e punição por havermos confiado, ainda que inocentemente, em propostas pouco cooperativa: houve um investimento unilateral, oportunizando tempestades emocionais e fortalecendo nossas pobres escolhas. Vale a pena tentar e dar a volta por cima. Nada está encerrado, enquanto houver vida.(Foto: www.manager.bg)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

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