Violência SEXUAL infantojuvenil

Acompanho as notícias de violência sexual infantojuvenil na Ilha de Marajó, fato que acontece há muito tempo, como em todos os lugares.

A cantora Aymeê Rocha, durante sua participação no reality show gospel Dom, em 15 de fevereiro, apresentou uma música de sua autoria, Evangelho dos Fariseus”, sobre o tema(assista ao vídeo abaixo). A letra diz o seguinte: Fazemos campanhas pra nós mesmos/ Eventos pra nós mesmos/ Estocamos o maná para nós/ Oramos por nós e pelos nossos/ O Reino virou negócio/ O dízimo importa mais do que os corações/ Enquanto Ele tá querendo/ Quem nós nem pensamos ou nos preocupamos/ Oramos errado há séculos/ Dias, horas e anos nos afastamos/ Ah, um Evangelho de fariseus/ Cada um escolhe os seus/ E se inflamam na bolha do sistema/Ah, enquanto isso, no Marajó, João desapareceu/Esperando os ceifeiros da grande seara/A Amazônia queima/ La-ra-ra/ Uma criança morre/ La-ra-ra/ Os animais se vão/ La-ra-ra/ Superaquecidos pelo ego dos irmãos/ Estamos apodrecendo o corpo de Cristo/ O sangue não tá circulando/ O sangue tá coagulando/ Estamos no ápice da nova era/ E a falsa noiva se rebela/ Contra o noivo que espera ver um caráter cristão/ Ah, um Evangelho de fariseus.

Entrevistada, ao final, pelos jurados, disse: “Marajó é uma ilha há alguns minutos de Belém, minha terra. (…) Lá tem pedofilia em nível “hard” e as crianças com cinco anos, quando elas veem um barco vindo de fora com turistas, Marajó é muito turística e as famílias lá são muito carentes, as criancinhas saem em uma canoa; seis, sete anos e elas se prostituem dentro do barco por R$ 5″, desabafou emocionada.

A música e a declaração viralizaram. Diego Martins do Comitê de Enfrentamento à Violência Sexual contra a Criança e Adolescente do Pará afirmou que de fato ocorrem situações de violência e exploração sexual na região, “muito por conta da falta de oportunidade de emprego, de geração de renda, da falta de acesso da população”. A taxa de estupro de vulnerável na Ilha de Marajó é maior do que a média nacional e do Pará.

Em 2022, foram abertos 550 processos de crimes cometidos contra crianças e adolescentes em todos os 17 municípios do arquipélago do Marajó. O principal delito registrado foi de estupro de vulnerável, com 407 casos.

E saber que situações como essas, motivadas pela fome, pela falta de perspectiva, pelos baixos índices de desenvolvimento humano, acontecem em inúmeros lugares no país.

Existem também situações independente da fome. Crianças usadas sem força para dizer “não”. Em todos os casos, há o exercício da tara de mais poderosos sobre os vulneráveis.

Em entrevista à publicação “Aos Fatos Mais”, matéria de Ethel Rudnitzki e Luiz Fernando Menezes, a diretora-presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer afirma: “A pessoa que está sentada no sofá de casa em São Paulo, olha e fala: ‘Ah, que coisa horrível que acontece lá’ – e não consegue ter a dimensão de que também acontece aqui, do lado dela”.

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Infelizmente, há circunstância de violência sexual infantojuvenil muito mais próximo do que pensamos e por parte de pessoas que jamais imaginaríamos, em todas as regiões do Brasil, incluindo também a exploração sexual em estradas. A Polícia Rodoviária Federal, por exemplo, identificou 9.745 pontos vulneráveis à exploração sexual infantil.

Que o sangue circule no coração no combate aos coágulos da pobreza e na proteção aos mais vulneráveis.

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

É professora e cronista

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