O valor e o preço do VOTO

3 anos atrás

O voto é algo que não deveria ter preço, pois é um ato de inestimável valor. Contudo, a experiência na Justiça Eleitoral lamentavelmente me mostrou o contrário. Nas cidades pelas quais passei, um voto custava um punhado de tijolos, R$50 em dinheiro, o asfaltamento de uma rua, comida, gasolina, cargos e afins. E isto esvazia o poder que o povo deveria ter num Estado Democrático de Direito.

De acordo com o artigo 1º, parágrafo único, da Constituição Federal, “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos […]”. No entanto, se o voto é trocado por uma vantagem qualquer, o poder – que era do povo – acaba sendo apropriado pelo poderio econômico de maus políticos.

O mau político geralmente foi aquele péssimo aluno que sentava no fundo da classe e só passava colando. No campo da política, continua agindo da mesma forma, querendo de tudo sem dar nada em troca. Ser medíocre e aproveitador.

Não julgo as razões de quem vende o voto. Quem tem fome não pode se dar ao luxo de filosofar sobre a importância da democracia. Pensa apenas no preço que a miséria lhe cobra, tendo de fazer de tudo para não ouvir a barriga do filho roncar. É dessa gente sofrida que o mau político se aproveita, perpetuando a pobreza a fim de que o eleitor, no próximo pleito, ainda necessite de tijolos, dinheiro, asfalto, comida, gasolina e cargo.

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A miséria e a maldade, juntas, criam um círculo vicioso difícil de ser quebrado, escravizando o povo em um sistema que é democrático apenas na aparência. Neste modelo, o poder não emana verdadeiramente do povo, mas do dinheiro usado ilicitamente.

A venda do voto cobra um preço alto demais, deixando o povo nas mãos de sujeitos que nada valem. Uma gente que sorri falsamente enquanto deseja que o povo não viva, apenas aguente – até a próxima eleição.