Eu sempre ouvi esse ditado aqui em casa, vindo de uma família de bons plantadores aprendi logo cedo que o que a gente planta, a gente colhe. Lembro-me quando meu avô plantava mandioca no terreno ao lado da minha casa, muitas vezes eu joguei a muda da planta no buraco cavado por ele, eu vigiava a plantinha crescer, esperava ela ficar grande e que alegria quando eu ajudava colher a mandioca. Depois ajudava a mãe descascá-la, colocava na panela de pressão e ficava contando os minutos para então comer coisas deliciosas com essa raiz.
Alguns anos atrás, minha mãe a plantou uma árvore de acerola, era uma mudinha tão insignificante, e a minha mãe cuidou daquela plantinha frágil e delicada, hoje é uma árvore enorme, que fica carregada de fruta, tem uma sombra linda e muitas pessoas carregam sacolinhas de acerolas.
Mas, ouço muitas pessoas usarem esse clichê para dizer sentenças a pessoas que fazem coisas desagradáveis, como uma frase de vingança:
– Olha cuidado hein! Quem planta colhe! Você plantou coisas ruins vai colher coisas piores!
Eu gosto sempre de pensar em colher bons frutos. Gosto de pensar que toda semente pode ser um fruto saboroso no futuro. E que podemos cuidar de plantas doentes, passar remédio, adubar, amparar o galho, ao invés de sentenciar a morte de uma árvore.
E encho-me mais ainda de alegria quando vejo que ao longo da nossa vida temos oportunidades de plantar coisas muito boas. E jogamos sementes que nem imaginávamos que seria algo, e quando vemos encontramos com árvores florescendo e alguém vem e nos diz:
– Está vendo esse fruto que posso lhe oferecer, foi você que jogou a semente…
Meu coração transborda de alegria!
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Quando desfrutamos da sombra de uma árvore forte e grande, alguém a muitos anos atrás plantou uma insignificante semente. E isso faz a vida valer a pena. A grandiosidade do crescimento de algo que parecia tão pequeno, mas, que alguém confiou na terra.
E o que plantamos, de fato, colhemos.
E o que eu descubro todos os dias é que nascemos semeadores de sementes, a todo o momento plantamos sorrisos, esperanças, abraços e palavras. O mais incrível de tudo: o dia da colheita chega quando menos esperamos.
Confie na sua terra, na sua semente, na sua lavoura e plante sem olhar a direção do vento, ou o calor do sol, não se assuste com a tempestade, nem tema o sereno noturno, se algo não florescer, continue plantando…
Porque semear é praticar o amor, e o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade, tudo sobre, tudo suporta e tudo espera. O amor espera pequenas sementes se tornarem grandes árvores. (foto acima: www.igrejabatistaemleandro.com.br)
CIBELE VAZ DE LIMA
É nutricionista, especialista em qualidade e segurança dos alimentos. Atua na indústria alimentícia e como palestrante. Observadora e pesquisadora de comportamento humano na área da alimentação.