Grupo de TROVADORES

trovadores

Há um grupo de trovadores, do qual faço parte pelo Whatsapp, que funciona como aulas; uns opinam sobre as composições dos outros e vamos trocando ideias, tudo em harmonia, treinando a composição dos versos com sete sílabas poéticas e mostrando os erros e acertos.

Nesta semana, alguém publicou uma “trova” aludindo sua autoria a Menotti Del Pichia. Logo, um dos participantes observou que era, apenas, uma quadrinha e que o autor não era o citado. O colega trovador informou que na “Revista Congresso em Foco” há um texto sobre o ocorrido e o e cita. É bem interessante, vou transcrevê-lo:

“Menotti Del Pichia foi poeta, jornalista, escritor, político e acadêmico da ABL. Foi um dos idealizadores da Semana da Arte Moderna e autor do famoso “Juca Mulato”, que o levou ao reconhecimento nacional. Foi eleito deputado federal por três vezes, mas foi um político inexpressivo, embora muito inteligente. Não foi atuante e dormia muito em plenário.

Em sua última legislatura como deputado federal, teve como colega um deputado paulista de nome José Carvalho Sobrinho, que também ocupou muitos cargos políticos; o nobre deputado tinha o dom do humorismo.

Certo dia, a deputada Ivete Vargas discursava, enquanto, mais uma vez, Menotti Del Pichia dormitava em plenário.

Ivete Vargas era sobrinha-neta de Getúlio Vargas, neta de seu irmão Viriato Vargas. A deputada jornalista foi atuante e tinha um temperamento muito  forte.

O deputado Carvalho Sobrinho, percebendo que Menotti Del Pichia, como sempre, ressonava, resolveu fazer uma brincadeira e escreveu: Todos dizem que ela dá/ é possível que ela dê/ pois a Ivete é deputada/ sem o “da” e sem o “de”! Colocou a quadra em cima da mesa de Menotti , que continuava a dormir.

Para fazer graça, chamou a deputada Ivete Vargas e lhe disse:

– Veja a quadrinha que o Menotti fez para você!

Ela leu. Após seus gritos, Menotti acordou muito assustado, tentando entender o que acontecia e, depois, negou a autoria da tal quadrinha. Dizem que os dois nunca mais conversaram…”

Coitado de Menotti Del Pichia! Foi o último mandato dele.

Também na Câmara Municipal de Jundiaí não faltaram episódios pitorescos que ficaram na memória do povo.

Estas histórias que agora seguem, referindo-se à nossa cidade, eu as li no livro “Transparências Históricas e Políticas de Jundiaí”, do falecido escritor e jornalista Geraldo Gomes Gattolini. Ei-las:

“O lado engraçado de Walmor – Walmor Barbosa Martins – pouca gente conhece. Apelamos para a memória de Tarcísio Germano de Lemos, que se lembrou de muitas histórias engraçadas, mas a principal, a que fez o povo rir e, até hoje, é motivo de gracejos ao Walmor, é a história da cobra.

O fato aconteceu na administração de Omair Zomignani. Walmor estava sempre à procura de alguma coisa para atormentar a vida do prefeito. Em 1963, segundo a memória do Tarcísio, Walmor decidiu fazer um discurso criticando o prefeito, dizia que ele não tomava conta direito da cidade, que havia lixo por toda parte e que a Câmara deveria tomar atitudes enérgicas. O líder do prefeito a tudo retrucava, destacando que Walmor deveria ter bom senso. O bate-boca era constante.

Certo dia, quando o bate-boca atingiu o auge, Walmor tirou uma cobra da bolsa e a jogou em cima do líder do prefeito que, muito assustado, caiu da cadeira. A sessão foi imediatamente suspensa. Alguns vereadores saíram correndo e, da tribuna, o orador gritava:

– Olha aí a prova de que a cidade está suja!

Mesmo caído, o líder do prefeito retrucava:

– É uma trama, uma ruína moral, uma irresponsabilidade!

Outros vereadores subiram em suas mesas. A cobra logo se escondeu embaixo de alguma mesa ou cadeira.

Walmor, ainda de pé na tribuna, gritava:

-Trouxe para vocês a prova mais irrefutável!

Os vereadores ficaram mudos e, muito tempo depois, tomaram coragem para descer das mesas.

Sobre a cobra, alguns dizem que ela voltou dias depois para seu lar…a Serra do Japi, outros dizem que ela sumiu para sempre, mas continua forte na lembrança de alguns jundiaienses”.

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Esta eu li, também, no mesmo livro. Por coincidência, tem o nome do Dr. Tarcísio Germano de Lemos, colega acadêmico da Academia Jundiaiense de Letras:

“O ex-vereador Tarcísio Germano de Lemos fez história na Câmara Municipal. Orador veemente, dotado de eloquência e de argúcia, era o centro das atenções quando usava a tribuna.

Certa ocasião, quando falava, foi interrompido por um jovem vereador que lhe pediu um aparte.

– Vossa Excelência, senhor Tarcísio, fala desse jeito porque Vossa Excelência faz jogo de palavras, dando uma no cravo e outra na ferradura!

– É porque Vossa Excelência não para de mexer o pé – respondeu Tarcísio.

Os demais vereadores e o público riram muito diante da inesperada resposta. A imprensa comentou o assunto por vários dias. O jovem vereador ficou muito ofendido com a resposta do Tarcísio e, só depois de muito tempo, voltaram a conversar.

Certo dia, se reencontrarem, o ofendido falou:

– O senhor me chamou de burro!

– Que nada, o senhor mora no meu coração- respondeu Tarcísio.

O outro retrucou:

– Mas que o senhor dá uma no cravo e outra na ferradura, isso dá!”

Muitas histórias correm paralelas à oficial e são, às vezes, mais interessantes porque têm um quê de hilaridade. Vale a pena serem conhecidas.(Foto: Walmor Barbosa Martins e Tarcísio Germano de Lemos eleitos prefeito e vice, respectivamente, em 1968. Elio Cocheo/Acervo Professor Maurício Ferreira)

JÚLIA FERNANDES HEIMANN

É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence á Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.

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