OPÇÕES

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Semana cheia e difícil, apesar de curta, com bastante coisa importante acontecendo e muitas decisões sérias sendo tomadas. Há muitas opções e percebemos que algumas decisões são antigas e outras são totalmente pontuais e recentes, fazendo com que fiquemos titubeando entre escolhas e incertezas. Decepções são avaliadas e ganham status de aprendizagem, enquanto se busca entender qual será a ordem da Vida, a partir delas. A sério temos que a Vida mostrou que paciência tem limites e que respeito a si é algo a ser promovido à lei pessoal e imperativa.

Enquanto deixamos a Vida correr, buscando compreensões e diálogos que sempre terminam em monólogos e queixumes, mas sem tirar os demais envolvidos de sua posição cômoda e insossa, a Vida vai se tornando insustentável e difícil: não há transformação nem melhora na proposta de uma vida saudável. Tudo sempre igual, mesmos vícios, mesmas falas, mesmos propósitos.

Então, num golpe de mestre, vem o Tempo (ah!!! O Tempo, este senhor tão querido…) e, numa guinada suave e profunda, afasta de perto do seu meio tudo o que ocasiona preocupação e aponta para o outro lado da Vida, onde outros valorizam seus feitos, enxergam seus defeitos e ajudam-no a corrigi-los, apresentando projetos edificantes e excluindo sonhos impossíveis, que teimávamos em mantê-los vivos.

Tal tomada de consciência nos permite perceber que apesar de parecer mentira, mas quem mudou foi você, permitindo-se enxergar por dentro. Este caminho é um salto qualitativo em nossa Vida, que nos possibilitará tomar decisões mais fortalecidas e firmes, sem nos causar constrangimento nem dor, por serem frutos de nossas mudanças interiores e nos garantir encaminhamento para espaços já pretendidos, mas não assumidos, por motivos inusitados.

A melhor das miragens, sim, está dentro de nós mesmos. Nossas transformações somente serão efetivas se nos permitirmos aceita-las e, acima de tudo, concordarmos que muitos fantasmas precisam ser exorcizados. A fantasia só é benéfica, se houver crescimento e concretude nela, caso contrário, só será agradável para um dos lados da relação. E uma relação humana tem, no mínimo, dois lados: é preciso duas pessoas para se garantir segurança e sobriedade.  

Analiso à distância (e internamente, também) o quanto se escolhe sofrer para não magoar o outro. Por que será que alguns de nós fazem opções de carregar o piano, tocar a música, lustrar o móvel e ainda se entendem em débito com o outro. Por que insistimos numa situação sem futuro e sem consequências razoavelmente saudáveis para ambos? Na contramão, o outro não gosta de piano, não curte a música, não se preocupa com a sujeira do móvel e não se preocupa com absolutamente nada, apesar de fazer de conta que se interessa pelo enredo.

E este risco se potencializa à medida que a relação avança, se não houver correção de rota e se não houver um trabalho intenso a quatro mãos: nem sempre percebemos que estamos na contramão da história e, infelizmente, não assumimos que sofremos numa relação mal estabelecida. Vale lembrar que o sucesso das relações humana depende sempre do investimento que fazemos, em conjunto, com nossos pares afetivos. É agradável ver a construção do projeto de vida construído a dois ou mais personagens.

E totalmente doloroso ver o projeto solo quando o outro não se interessa em criar espaços e possibilidades para a edificação em parceria. Parece difícil notar isso, mas vejam: o professor quer ajudar a construir um projeto e o aluno não tem o mínimo interesse (e não apresenta o que quer fazer!!!); o pai sonha na melhora de vida familiar, mas os membros da família não se preocupam em partilhar os avanços e não colaboram com os planos (sem dizer em que acreditam!!!), os amantes e os amados buscam opções para facilitar as propostas de união e as parcerias se excluem dos planos ou rejeitam (sem dizer em que apostam!!!). Estes exemplos nos garantem o esvaziamento das participações numa boa relação humana.

Pior do que o esvaziamento, alguns não se sujeitam a novas relações e tornam-se distantes e incrédulos. Olhando rapidamente para o quadro vemos que a participação de uma pessoa tóxica em nossa vida por ser desastrosa, em especial quando não temos noção de que a virada de mesa depende da nossa habilidade social: nós escolhemos aquilo que queremos e, deixando brechas, elas serão ocupadas por oportunistas que estão ao nosso lado, esperando nosso vacilo.

Não há porque se iludir: oportunistas também são conhecidos como amigos, colegas, parceiros, familiares, alunos, vizinhos, patrões, chefes, coordenadores, filhos primos, pais, namorados, esposos, enfim…todos os que, de plantão, aguardam a oportunidade para protagonizar uma cena de total insanidade, consciente ou inconscientemente. Santa ingenuidade e santo medo de caminhar só. Santo desespero em se fazer acompanhado por pessoas que não merecem nossa confiança e companhia.

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AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Leciona na Faculdade de Psicologia UNIANCHIETA. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

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