Existem, sim, situações quase impossíveis que nossa teimosia e irreverência nos impelem à luta e terminamos por vencê-las, nos assustando com nossas próprias performances, depois de uma longa resistência. Sinal de que a vitalidade nos chama à luta, seja lá o tamanho do monstro que nos aguarda ao final do túnel, conseguimos superar um novo espaço. Entretanto, temos ainda aquelas surpresas deliciosas de superar todos os limites e todas as adversidades e conseguir grupar uma legião de parceiros que nos mobilizam, nos acompanham e nos fortalecem para tal resultado, mobilizados que somos pela tomada de decisão.
Que poder de revitalização esta conquista nos oferece!!! De uma maneira muito favorável, quando somos movidos pelas surpresas temos uma disponibilidade para aplicarmos todos e quaisquer elementos que nos circundam e nos dão amparo, da sabedoria às propostas mais desconhecidas. Podemos garantir que a surpresa está sempre abraçada à criatividade e ao equilíbrio mental, o que nos garante uma ação assegurada e adequada, diante de todo e qualquer imprevisto.
Ter surpresas agradáveis é um bálsamo a todos os investimentos que empreendemos, na nossa trajetória e, assim, teremos a diferença entre ser mais ligado nas situações positivas ou arrastar o pessimismo daquele que não tentou. Esta é a diferença entre o que quer algo e o que faz algo, mesmo sem todas as ferramentas disponíveis e alinhadas para a vitória. A pessoa criativa e cheia de iniciativas sempre toma decisões adequadas e encontra uma forma de se surpreender positiva e adequadamente.
Esta atitude faz total diferença e facilita novas ações futuras, em especial quando somos bem sucedidos e crescemos afetivamente com nossa vitória. Um fator compensador e estimulador para que novas investidas ocorram, numa direção adequada e plena de incentivos e rearranjos rumo àquilo que buscamos. Percebamos que se os pais e a escola tivessem momentos estimuladores como estes, nossas crianças seriam menos intimidadas e menos repetitivas em suas descobertas e ações.
Pensando assim, verificamos que o movimento rumo ao que se pretende é muito adequado e bem-vindo quando tomamos iniciativas proativas adequadas e certeiras. A tomada de decisão é um ato de inteligência e de muito arrojo, por mobilizar todos os nossos sensores e nossas habilidades para a ação, não tendo como dar errado se houve um bom planejamento e uma boa iniciativa. A Ciência estuda avanços da humanidade, apontando para situações onde se tem um clima motivacional pouco inclinado ao sucesso, mas que os agentes de mudança fazem a diferença. A crença do sucesso é um facilitador.
Concordo que não é um ato espontâneo nem se passa a todo momento. Admito, ainda, que uma vez bem-sucedido numa empreitada, haverá estímulos para outras tentativas em níveis iguais ou de maior grau de dificuldades: esta é a vantagem de ser bem-sucedido, em nossas ações, uma vez que o próprio sucesso pessoal nos impulsiona para novas atitudes, antes abandonadas ou temerosas. Trata-se de uma questão de paciência para agir com adequação e precisão, no momento ideal.
Sempre digo que fui iniciado e educado na arte de ser paciente. Aliás, venho sendo submetido a esta nova aprendizagem, com mais intensidade, com muitas surpresas, a partir de agosto de 2018, quando meus movimentos começaram a se transformar e a se encurtar, transformando-me em um “quase inválido”. Eram idas e vindas sem fim aos médicos, aos milagreiros, aos esotéricos, sendo sempre recebido com a frase doce e promissora: é preciso ser paciente.
Mas como falar em ser paciente para uma pessoa autônoma, com ampla movimentação física, intensa Vida funcional? Tal conselho soava como se paciência fosse uma espécie de planta ou de remédio que se encontra em vários locais e que se consome sem parcimônia, mas diuturnamente, porque tem que se ter paciência e deve-se fazer uso do medicamento. Não sei se me expressei adequadamente: tem que se ter paciência, tanto quanto ouvimos diariamente, por meio do ditado da moda: tem que ser feliz. A filosofia da Felicidade a todo custo e da Paciência, indevidamente empregada, passa a agir como um mantra e todos parecem se acomodar a ele.
Percebam que, seguindo esta lógica ilógica, encontraremos que, no pós-moderno, o homem tem direito a ser diferente, desde que igual aos demais. Que lógica insossa é esta? Que filosofia da felicidade ou que filosofia da paciência querem nos impor, se somos diferentes e temos nosso direito de escolha, seja ele qual for? Seremos nós quem pagaremos pela escolha errada; seremos nós quem sofreremos pela decisão mal encaixada, então, a proposta da felicidade e da paciência a todo custo não é a melhor opção. Ambas devem atender às necessidades e às escolhas tomadas, com todas suas atenuantes.
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Percebo que, diante de tantas situações difíceis a que estamos submetidos. Sem surpresas, o surto da gripe avançando, a dengue matando, a Covid causando internações e a população negligenciando a própria saúde, temos algumas opções a tomar. Desde que tenhamos inteligência e decisões acertadas diante de cada uma destas ocorrências, a chance de sermos bem-sucedidos é boa, porque de crendice em crendice o país vai se esfacelando e se deteriorando diante das dificuldades e problematizações que são aparentes e de resolução complexa, quando existe. Sinal que a especulação sem limites não é um bom princípio…
Finalizando, uma das boas coisas que devemos aprender é falarmos de nossos sentimentos, emoções. Desta forma, falar daquilo que nos alegra, daquilo que nos conforta e daquilo que nos dói e preocupa é um excelente exercício a ser praticado. Ele atua como um sinalizador de nosso interior que nos interessa e deve interessar a quem compõem nossa rede de amigos e rede de ajuda. Portanto, vamos criar o hábito de nos evidenciar, falando de nossas sensações, o que facilita nossa Vida nos momentos de tomas de decisões: assim teremos muitas pessoas nos apoiando e nos acompanhando em nosso caminho. Sem surpresas…(Foto: Nicola Barts/Pexels)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO
É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Leciona na Faculdade de Psicologia UNIANCHIETA. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.
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