O líder da República está cada vez mais radical. Ele tem apoio do seu próprio partido e da população miserável que quer ter as mínimas condições de vida. É comum pessoas passarem fome na periferia das grandes cidades, ou amontoadas nas esquinas dos bairros dos super-ricos. Não há esperança que haja uma distribuição da riqueza acumulada durante décadas nas mãos da elite nacional. Esta, por sua vez, não está de braços cruzados. Sabe que a movimentação popular, liderada pelo chefe da República, pode levar a mais confrontos. Os líderes populares querem justiça e também aqueles que exploram as riquezas nacionais, vivem nos palácios e têm os cofres cheios de dinheiro obtido à custa de corrupção. Aparentemente só há uma saída – aprofundar a revolução.
A elite domina as finanças, o comércio e a produção rural. Sobra muito pouco para a população pobre do país. Os partidos burgueses não querem nem ouvir falar em pagar mais imposto, ou abrir mão de seus privilégios. A quantidade de bem–nascidos se espalha pela burguesia e por suas abas eclesiásticas e de proprietários rurais. Os embates entre os deputados estão cada vez mais acirrados e há ameaças de lado a lado. As bancadas se dividem em três grupos e ocupam os cantos esquerdo, direito e o centro do plenário. Não convivem e os discursos são cada vez mais violentos. A esquerda convoca a população para encher as galerias, para vaiar e pressionar os deputados da oposição ao líder do governo. É um risco sair e entrar do prédio tal a aglomeração nas portas. A segurança militar está completamente perdida e muitos militares identificam nos protestos amigos e familiares, contra quem eles jamais puxariam o gatilho. Um golpe de Estado está a caminho.
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Não dar um passo para trás. Não abrir mão das conquistas obtidas com muita luta e ameaças são as suas bandeiras políticas. As retaliações não chegam apenas pelas elites que tiveram de abrir mão de seus privilégios, que vêm de tempos imemoriais. Há também uma ameaça das potências estrangeiras, que veem no processo revolucionário uma faísca que pode incendiar outras nações. E se os miseráveis de outros países também tentassem seguir as rebeliões da pequena burguesia e de descamisados que agitam o poder da República francesa?
A pátria está em perigo, gritou Robespierre na Assembleia Nacional. Um exército para proteger fronteiras, juízes e leis que dominassem os opositores de um regime comprometido com os mais pobres e com levar adiante os ideais de fraternidade, igualdade e liberdade. Os condenados em julgamentos sumários iam conhecer a máquina de separar a cabeça do corpo, inventada pelo médico doutor Guillotin, que a considerava uma forma mais humana de executar as pessoas, a guilhotina, que ele mesmo experimentou. Mais de 500 pessoas são mortas na Revolução, durante o período conhecido como Terror, liderado por Robespierre. Quatro anos depois ele é executado, em 1794, e o poder volta para as mãos das elites rurais, financeiras e eclesiásticas de antes da revolução que se iniciou em 1789.

HERÓDOTO BARBEIRO
Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”
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