Cresci ouvindo muitos dizendo que mulher precisava se dar o respeito, que a culpa pela agressão, pela violência, pela importunação, era dela mesmo. Da minha infância a pré-adolescência, acreditava que tudo o que podia acontecer com uma mulher, era porque de alguma maneira ela era a principal causadora do mal que lhe a açoitava. Até que comecei a perceber que o problema não estava com as mulheres e sim com a sociedade em um todo. A violência contra a mulher, na verdade, começa quando os direitos humanos são feridos, confrontando o direito a vida, saúde, integridade física e mental. Diversos aspectos – como a desigualdade de salário nas empresas, desrespeito nas ruas, agressões de maridos e companheiros – são evidências desta violência.
Nesta semana um fato chamou muita a atenção: uma mulher sofreu estupro, uma violência sexual, enquanto era realizada uma cesariana(foto). Sim, o ato aconteceu com a paciente anestesiada, num momento totalmente vulnerável, por alguém que na teoria, fez um juramento de zelar pela vida dos outros. Qual foi o momento que ela não se deu o respeito? Se mesmo no momento mais feliz e sem condições de qualquer ato, a mesma foi violentada?
Segundo o Fórum de Segurança Pública, apenas entre março de 2020, mês que marca o início da pandemia de Covid-19 no país, e dezembro de 2021, último mês com dados disponíveis, foram 2.451 feminicídios e 100.398 casos de estupro e estupro de vulnerável de vítimas do gênero feminino. E enquanto estava escrevendo este artigo, foi noticiado mais um crime bárbaro contra mulheres na cidade de Brumadinho(MG).
Mulheres são agredidas por serem mulheres e isso reflete questões culturais. Seguem sendo sofridas em ambientes públicos e privados, por pessoas próximas, pessoas que são de sua confiança. Muitas vezes por pessoas que juram amor, mas que ferem, machucam, violentam, física e psicologicamente. Muitas são agredidas por apenas não terem o mesmo ponto de vista, por suas roupas, seu modo de andar, por não se sentirem confortáveis, por ocuparem um determinado cargo, ou seja, pelo simples fato de viver em sociedade, ocuparem o lugar de pertencimento que possuem, porque na visão desses agressores, as mulheres são apenas submissas, dependentes, incapazes… Violência contra a mulher, assim como qualquer tipo de violência, deixa traumas, doenças que se estendem por toda a vida. Muitas mulheres são literalmente caladas, julgando muitas vezes a sua capacidade como pessoa.
Essa situação precisa ser combatida, agressores precisam ser denunciados, sentenciados e julgados, pois a violência que a mulher sofre é um crime como qualquer outro e merece a atenção e que seja levada a sério. Ao se deparar com uma situação, ao vivenciar, devemos fazer nossas vozes serem ouvidas e não devemos nos calar. Devemos ajudar essas mulheres que passaram por essa violência e nos apoiarmos, pois apenas assim teremos a verdadeira sororidade que tanto temos falado. Mulher é um ser livre, somos independes e podemos fazer nossas próprias escolhas!
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Ligue para o número 180. Esse é o canal criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, o denunciante ou a própria vítima receberá orientações sobre onde buscar apoio por perto, além de obter informações sobre os passos que devem ser tomados para solucionar o problema. O serviço é gratuito, como qualquer serviço de emergência e urgência, e funciona 24 horas em todos os dias da semana. Nós precisamos nos apoiar, precisamos nos fazer ser ouvidas, precisamos dar um basta a essa epidemia que vem se tornando a violência contra a mulher.(Foto: reprodução de vídeo)

ROBERTA PERES
Formada em Gestão de Recursos Humanos, Eneagrama, conhecimento em técnicas de PNL, com carreira desenvolvida em liderança e desenvolvimento humano.
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