Abraço que salva se espalha pela sala da Assistente Social da Casa da Fonte – CSJ, Pérola Maria Dolce, que integrou e integra diversos trabalhos no município. Quem passou por atendimento com ela a considera sinônimo de resolução.
Em sua sala, registros de atendimentos quanto a questões do INSS: pedido de aposentadoria, rastreamento do LOAS/BCP, aposentadoria por tempo de contribuição, pedidos de auxílio-doença… Existe o registro dos problemas que dependem do Órgão Público. Há inúmeras pessoas que desconhecem aonde ir e os encaminhamentos são feitos para os diversos setores como CRAS, CREAS, UBS, Clínica da Família… Atestados de pobreza… A maioria das pessoas aguarda com esperança seus atendimentos, pois ela vai além da burocracia imposta, que se torna tropeço para os mais vulneráveis. A maioria das pessoas por ela atendidas, possuem celular sem internet e as que possuem internet não conseguem digitar dentro do tempo limite as questões necessárias para receber os seus direitos. Grande parte dos que chegam são familiares dos alunos da Casa da Fonte. Acompanha os alunos adolescentes que fazem parte do Programa Bolsa de Estudo, financiado pela Companhia Saneamento de Jundiaí e as voluntárias. Cuida da distribuição de cestas básicas que chegam do Funss – Fundo Social de Solidariedade -, de doações e também das adquiridas pela CSJ, com acompanhamento dos beneficiados, analisando as reais necessidades. Se preciso, junto com a psicóloga, visita as famílias dos alunos.
Na sala da Pérola, existem ainda: bichinhos de materiais diversos, quadros de flores, suculentas, móbiles de aves em origami e um quadro com a frase: “A morte deixa uma dor que ninguém pode curar…Mas o amor deixa memórias que ninguém pode apagar”.
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Um fato recente: a atendida, naquela tarde, era uma aluna de artesanato do local e solicitava o que era necessário para receber a pensão do marido. De vida muito sofrida desde a infância. Sentiu necessidade de contar a ela sua história. Escutou emocionada. Acima dos papeis e das leis está o ser humano que, tantas vezes, necessita transbordar seus dissabores. Ao final, a Pérola lhe disse: “Nós duas já tomamos as quatro doses de vacina. Você me dá um abraço?” A senhora caiu em prantos. Questionou se lhe falara algo que a ofendera, pois se fosse assim, pediria perdão. Respondeu que não, ela já pedira abraços, mas era a primeira vez que alguém lhe pedia um abraço, como sendo importante o seu carinho. Abraçaram-se em lágrimas. Um abraço que salva…
A Pérola(foto), que é da resistência, da força, da sensibilidade com a dor alheia, acaba de completar 70 anos, sem problema algum de revelar a idade e de mostrar que a vida, independentemente do tempo vivido, tem sentido ao se estar a serviço. Quando a capacidade técnica aprimorada se junta à humanidade, as pessoas em busca sabem que há chances de desatar os seus nós. Parabéns, você faz a diferença.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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