A areia da ampulheta de 2021 escorreu do compartimento superior. De nada adiantaria ficar olhando cada grão e o que ele carregou. Cada um sabe de suas vitórias, fracassos, dores, alegrias, desencantos, dificuldades, sonhos, aquilo que poderia ter feito e não fez, ou o que não deveria ter feito e fez…
Todos nós, decerto, temos em comum o desejo de que seja vencida a Covid-19 e, no momento, também a influenza H3N2. Bendita vacina que, embora não seja de imunização integral, reduziu o número de mortes! Além disso, vacinar-se é um ato de solidariedade, pois diminui a chance de você ser um agente de transmissão do vírus. Máscara, álcool gel e evitar aglomerações continuam aliados para manter a saúde.
Todos nós, com certeza, estamos doloridos pela tragédia ocorrida em Capitólio com 10 mortos e pelo menos 32 feridos. Doloridos por eles, seus familiares e amigos.
2021 começou difícil para mim com a partida de nossa mãe. Tenho plena convicção de que sua alma foi para Deus e que se reencontrou com nosso pai. A ausência física, no entanto, pesa. Quem as experimenta sabe. Conversas, memórias, novidades, poemas, músicas, trabalhos de artesanato, orações, descobertas a mais das verdades da fé… Ela era assim. O Senhor lhe concedeu a graça da lucidez e de se locomover sozinha até a hora em que foi para o hospital.
Quis eu passar sozinha os dias 31 de dezembro e 1º de janeiro, embora convidada por meu irmão e minha cunhada para ir com eles ao sítio em Bilac. Precisava estar comigo, no silêncio, para desvirar a ampulheta no anúncio de 2022.
Em meio aos maiores reconhecimentos que carrego, aos nossos pais, está o de me iniciarem no caminho da fé e sempre me incentivarem a que permanecesse. Estimularam-me e bastante no meu tempo de Movimento de Jovens, em outros caminhos na Igreja, nas pastorais… Ou seja, foram de presença de fortalecimento para, apesar de minhas inúmeras misérias, abrir-me ao Céu. Em nome de sua crença e esperança, por maiores que fossem as dificuldades, jamais desistiram ou se perderam de Deus.
Rubem Alves em sua crônica “Quando os filhos voam”, escreveu: “… Aprendo que a vida é feita de constantes mortes cotidianas, lambuzadas de sabor doce e amargo. Cada fim venta um começo. Cada ponto final abre espaço para uma nova frase. Aprendo que tudo passa menos o movimento. É nele que podemos pousar nossa descanso e nossa fé, porque ele é eterno”.
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Voltar-me para o Eterno, neste tempo de falta, em muito me tem sustentado o Carmelo São José, em especial Madre Maria Madalena de Jesus Crucificado, e o Padre Márcio Felipe de Souza Alves, pároco da Catedral NSD e futuro Reitor do Santuário Santa Rita de Cássia. Gratidão é preciso.
Quando algum sentimento cinza se aproxima, recupero o que o Senhor disse a Elias (cf. I Reis 19, 11): “Sai e conserva-te em cima do monte na presença do Senhor: ele vai passar”. E o Senhor passa no murmúrio de uma brisa no coração. Bendito seja Deus que nos fez de vida eterna com reencontros!

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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