Durante um rígido inverno, o ancião de uma tribo convidou um jovem guerreiro para caminhar. Havia uma enorme montanha e eles começaram a subir. Conforme andavam, o ar ia se tornando mais frio e a neve fina caia na cabeça deles. Estava difícil a caminhada e parecia que a cada minuto o tempo ia se fechando, a neve caia mais densa e o percurso se tornava mais cansativo. O ancião com a sua experiência subia lentamente. O jovem ia na frente, se queixando. Em um determinado ponto, o jovem estava tão cansado que já aguentava mais trocar seus passos, as pernas não obedeciam e ele sentia que iria a qualquer momento sucumbir. E o velho apenas olhava e no canto de seus lábios um pequeno sorriso aparecia.
Assim continuaram pela trilha, cada vez mais frio ficava, a trilha não existia mais, apenas árvores, uma grossa camada de um tapete branco. Lobos uivavam ao longe, até que avistaram o pico da montanha e bem no topo como se fosse mágica, o sol estava brilhando forte.
Então, o jovem guerreiro se animou e apertou o passo. Ele imaginava que o final daquele passeio ia se findar. Começou a se desfazer de algumas coisas que estava em uma pequena bolsa feita de couro animal cheia de objetos, pois assim não iria pesar tanto e subiria mais rápido. Ao dispensar o objeto ouviu o velho dizer:
-Carregou até aqui para se desfazer da bolsa no final?
E o jovem respondeu:
-Ora, qual valia tem esses objetos uma vez que não os usei até aqui?
Sem entender muito o porquê daquilo e também com um pouco de raiva pelo questionamento, ele dispensou a bolsa. Estava irritado e a caminhada do jovem guerreiro passou a ser de passos pesados. Havia concluído que carregara objetos sem serventia nenhuma e por causa disto ficara mais lento.
Aquela era a última etapa e o pico da montanha estava logo ali a sua frente. O jovem sentiu uma motivação como não sentia há muito tempo. Apenas olhava o topo e reclamava mentalmente do peso que carregara sem necessidade, do ancião e seu sorriso torto. Queria logo chegar no topo para descansar.
Quando venceu a montanha, já no cume, o ancião, apenas procurou um lugar confortável, se recostou e se pôs a meditar. O jovem guerreiro, ficou um tanto desapontado. Não entendia o sentido de uma escalada desafiadora, para depois simplesmente sentar e meditar. Por que não podia fazer isso na tribo, no conforto da oca?
Então cansado de apenas esperar, ele perguntou:
– Ora, você me trouxe até aqui para apenas deslumbrar a paisagem? Ou para meditar? Qual é a finalidade de tudo isso?
Então, o ancião sorriu e disse:
-Na vida, passamos constantemente por provações, muitas vezes atravessamos trilhas que não sabemos onde vão dar. Nos vemos perdidos, nos desafiamos, enfrentamos fome, sede, frio e muitas privações, mas seguimos porque somos assim induzidos. Nem sempre sabemos onde o caminho vai dar… Eu sabia desde o momento que sai da aldeia o que faria quando chegasse aqui. Eu lhe convidei para um passeio e você sem hesitar me acompanhou. Porém, em momento nenhum perguntou onde íamos… Quando não sabemos onde queremos chegar, qualquer caminho serve.
O ancião continuou:
-Eu me sentei para observar a paisagem. Olhe a imensidão deste vale… Ele significa a imensidão que nos rodeia, a mesma que ignoramos todos os dias, porque buscamos enxergar apenas a nós e nossos interesses. Mas, quando olhamos o todo, vemos que existe outras maneiras de chegar onde queremos. Precisamos sempre olhar o todo. Passei a meditar porque precisamos aprender a silenciar nossos pensamentos para ouvir nosso interior, nosso coração. Essa conexão nos faz mais fortes. Mente e corpo formam apenas um sistema, são um conjunto e se relacionam o tempo todo. Silencie seus pensamentos e ouvirá a sua alma. Aprenda a ser paciente e encontrará as respostas que precisa…
OUTRO ARTIGO DE ROBERTA PERES
O jovem sem saber o que fazer e com os olhos cheios de lágrimas pelas lições aprendidas, disse:
-Se existe significado em tudo, porque existem tantas pedras no topo desta montanha?
Mas uma vez o ancião observou o jovem e respondeu:
-A bolsa que você deixou lá embaixo continha as ferramentas necessárias para que você lapidar as pedras. E elas são preciosas! Carregamos muitas vezes fardos que julgamos não aguentar mais. Reclamamos do peso e quando a recompensa finalmente chega, não temos as ferramentas necessárias para usufruí-las porque passamos mais tempo desejando que seu peso se finde do que imaginando o benefício que aquilo pode trazer. Essa é a beleza da vida. Todos nós sabemos o quão difícil é a nossa jornada. Muitas vezes não faz sentido carregar todo o peso ou seguir por caminhos tão desafiadores. Mas acredite: você verá que existe um propósito muito maior. Existem pedras a serem lapidados e apenas quando atravessamos nossas montanhas, conseguimos enxergar a sua beleza e profundidade de tudo o que aprendemos e amadurecemos. Tenha certeza que mesmo nas piores montanhas existe uma paisagem para se deslumbrar e recompensas que devemos sempre buscar!(Foto: Wikipedia/Artigo originalmente publicado em junho de 2021)

ROBERTA PERES
Formada em Gestão de Recursos Humanos, Eneagrama, conhecimento em técnicas de PNL, com carreira desenvolvida em liderança e desenvolvimento humano.
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