O ANELZINHO de pedra azul

Dois pares de olhinhos brilharam, quando ele tirou do palito de algodão doce um anelzinho dourado de pedra azul. Era sinal de namoro, ambos sabiam. 

Puxando a jardineira xadrez que deixava a mostra o shortinho vermelho, ela, encabulada, esticou os pezinhos para alcançar o rosto dele e o beijou na face.

O namoro era um faz de conta de quase pegar na mão, lances de olhares fixos e um beijo tímido no rosto.

Na inocência dos seus oito e seis anos, viviam juntos, vizinhos desde sempre, faziam tudo juntos… escola, brincadeiras, passeios. O lugar preferido de ambos era o alto de uma seringueira que dividia o quintal das casas onde moravam. Era lá que trocavam segredos e juras de eternas amizade.

Os pais, também amigos de infância, apreciavam aquela amizade que vinha de berço. Quando ela nasceu, ele contava dois anos e era até engraçado o instinto de proteção que os envolvia. Ele a rodeava de atenção e cuidados, comportando-se como se muito mais velho fosse.

Cresceram assim.

Eram feito pão com manteiga, café com leite, arroz com feijão. Aquela combinação simples e completa.

As diferenças que tinham, eram incapazes de afetar aquela relação de cumplicidade.

Quando noivaram, o anel foi uma réplica do anelzinho de algodão doce, agora um topázio cravado em ouro. Mas do original ela nunca se desfez. Ao contrário, era objeto da mais alta estima e importância.

Casaram-se quando estavam com 26 e 24 anos.

No dia do casamento, lá estava ela, lindíssima, carregando um buquê de girassóis, entre os quais brilhava dourado o anelzinho de algodão doce.

Tiveram três filhas e cada uma, ao completar 15 anos, era presenteada com a réplica do anelzinho… a joia mais especial da família.

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Completaram bodas de prata e ouro, e em ambas, ele reafirmou seu amor, presenteando-a com réplicas mais sofisticadas do anelzinho de pedra azul.

Ela se foi.

Ele por aqui permaneceu por mais de anos… e nunca deixou de carregar no bolso, amarrado na ponta do lenço, o símbolo do mais inocente e verdadeiro amor… o anelzinho do algodão mais doce do mundo !!!!

ROSITA VERAS

É escritora, ghostwriter e articulista

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