Não basta condenar por racismo, tem que aplicar a punição, aplacar a impunidade e botar um ponto final nessa situação que já se situa como um esculacho. Ninguém leva a sério e os ataques racistas aos jogadores negros, parece uma brincadeira de criança. Passam a mão na cabeça do ofensor e dizem que não é tão grave assim, que faz parte da rivalidade que existe entre as torcidas. Aí, as defesas são ineficazes e vazam (sempre tem uma válvula de escape). O ataque é sempre a um jogador negro que vira refém (nem sempre pela unanimidade).
A torcida do agressor as vezes se torna cúmplice, por não tomar nenhuma atitude ou posição defensiva a favor do agredido. Como se fizesse parte mesmo do show de horror que isto causa. Então, não faz parte (só) da rivalidade entre torcidas e sim da falta de educação e do caráter terrivelmente formado daqueles que de maneira antidesportista, querendo aparecer talvez, se achando engraçadinhos. Talvez imaginem que se tornarão líderes de uma gangue, só por ter sidos audaciosos. Mesmo sabendo que nos estádios de futebol existem muitas câmeras em todos os cantos e até com precisão para filmar, coisas que as vezes se tornam despercebidas até pelo VAR.
Ataques racistas descaracterizam o jeito harmonioso de se passar alguns momentos prazerosos e de bom entretenimento em comunidades. Os agressores não se dão conta que não fazem falta e a ausência ninguém nota. Procuro o paradoxo para me sentir no caminho certo, preciso irrigar de sangue novo as veias que conseguiram se irritar com o estresse que as envenenou, antes que ele me consuma. Emoção e veracidade.
De um jeito ou de outro ficou uma coisa assim meio dito por não dito, e o que era pra ser dito e feito, mais uma vez terminou numa sangria, uma vez que ela é a caipirinha espanhola. E como se levantasse um brinde, a juíza loura de olhos claros, explicou que a sentença não precisaria ser executada e cumprida porque os meninos são bonzinhos, réus primários, estão envergonhados e prometeram não cometer mais ataques racistas. Estariam arrependidos. Judas quando se arrependeu e se enforcou. Os agressores se dispuseram a um pedido de desculpas publicamente. O que tem mais ou menos o efeito de uma delação premiada.
Enfim, vida que segue sob as vistas grossas. E os bolsos dos principais integrantes dessa ópera das castanholas, se esbaldando em lucros, cifrões, carrões e processos por estupros. Eles se acham acima do bem e do mal.
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O que é uma pena já que Vini Jr fez um belo discurso:
– Muitos pediram que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas “jogar futebol “. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou o algoz dos racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos. Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí…
Vai se misturar a tantas outras que já inspiraram filmes baseados em fatos reais e terminaram denominados palavras ao vento…(Foto: Leopoldo Silva/Agência Câmara de Notícias)
LUIZ ALBERTO CARLOS
Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.
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