O CAOS é isto que estamos vivendo. Simples e forte…

Tudo tem seu dia. Ou sempre tem mais um dia D. Ou ainda, calma que a coisa muda. Pois é, quando pensávamos que as coisas não teriam mudanças, eis que os caminhoneiros mostram sua força em todo o território nacional. O que se ouve aqui e ali é que alguém tinha que começar. Então. Eles começaram e instalaram o caos que estamos vivenciando, com muitos limites, muitas dificuldades e muitas incongruências. Mas eles começaram e merecem os parabéns pela habilidade, pela demonstração de força, pela astúcia e inteligência na ação.


No mesmo assunto, gostaria de registrar minha alegria em perceber que nossos ministros realmente tiveram uma educação diferenciada. Ontem, num dos últimos jornais televisionados, quase chorei ao ouvir de um de nossos ministros a sua versão sobre o acontecimento e frente a sinalização do fim do impasse.

Esse ministro, que me deixou em dúvida sobre sua formação, mas asseguro que seja um frade beneditino, ou franciscano ou ainda dominicano, visto seu julgamento. Diz ele: os caminhoneiros estão certos, eles agiram com precisão, eles sofreram, eles mostraram que é possível a negociação. Estas palavras quase me levaram às lágrimas. Que governo fantástico; foi afrontado, foi encurralado e consegue ver virtudes em seus algozes. Parabéns, equipe ministerial. A formação beneditina, franciscana ou dominicana confere a vocês essa fala tão cristã.

E, seguindo nessa leitura, também ficou-nos claro que havia e deve haver ainda mais gordura a ser queimada: pode-se acatar 12 ou 14 imposições e derrubar tantos impostos e as coisas continuarão a andar, sugerindo que ou tem imposto demais ou pagaremos ainda mais, quando a tormenta passar. Qual a realidade a ser vivida nos próximos instantes?

Porém, temos mais atos complexos: quem subiu o preço dos combustíveis para valores abusivos, também é corrupto. Quem levou galões para se prevenir, também, é incorreto. Quem comprou além do necessário, também agiu com inadequação. Interessante como a Psicologia da Multidão explica a reação em cadeia, quando parte do grupo se sente fragilizado: um corre, todos correm. Um compra 10 quilos de açúcar, todos compram 10 quilos de açúcar. Esta reação coletiva impensada ainda vai nos afetar por mais alguns dias e precisamos estar cautelosos para não sermos pegos fazendo o mesmo que nosso grupo está fazendo.

E, finalizando o pensamento sobre este movimento, interessante seria procurarmos conhecer as razões pelas quais o nosso combustível ser tão caro, para nós brasileiros, e tão barato na venda para demais países vizinhos. Muito interessante e mobilizador, inclusive. Esperemos os demais desdobramentos deste caso, que não deve parar por ai.


O casamento real. Que fabuloso mundo e destino de Amelie Poulain!!! “São tempos difíceis para os sonhadores”, diria ela, com precisão. E se fala em convidados, quem entrou, quem sentou, quem olhou. E as tais tendências….o rosa será a tendência da temporada. O rosa esmaecido. O rosa queimado. E o buquê é minimalista. E as flores são algo que remetem a Lady Di. E o véu? Nossa, o véu…E a mãe dela estava emocionada (porque só a mãe desta noiva fica emocionada, não é?). E mais isso, e mais aquilo. Pena que ninguém tenha pensado na tendência das pessoas serem felizes do jeito que são. Das pessoas lutarem contra todas as tendências maldosas e preconceituosas e ridículas e opressoras e surgirem fortes, resilientes e dispostas a bancar qualquer briga e rusgas para chegar à felicidade.

Muito adequado alguns pontos de vista: o coral era negro. O violonista era negro. O sermão foi realizado por um sacerdote negro. Muitos convidados negros. Que fabuloso mundo e destino de Amelie Poulain!!! “São tempos difíceis para os sonhadores”, diria ela, com precisão, mais uma vez. Se fossem arianos receberiam as mesmas conotações e observações? Se fossem chinos? Se fossem listrados? Que pobreza de observações.

Repito: que fabuloso mundo e destino de Amelie Poulain!!! “São tempos difíceis para os sonhadores”, diria ela, com precisão absoluta e quase real. Parabéns casal. Muitas lutas ainda estarão por vir, porque essa realeza é do barulho, mas vocês conseguem sonhar mesmo diante de tempos muito difíceis. E quanto as especulações? Especulações são meras especulações, nada mais do que especulações.


Diante da falta de gasolina e das dificuldades de locomoção pela cidade de Jundiaí, percebe-se o movimento de algumas escolas no intuito de minimizar problemas e agir com racionalidade. Desta maneira suspenderam as aulas e liberaram as presenças, dando aos alunos oportunidade de permanecer em casa ou não se deslocar neste momento da crise.

Na contramão da proposta de coerência, algumas instituições se limitam a não emitir seu posicionamento, a não se fazer compreensível diante de um problema nacional e a forçar, goela abaixo, que esta atitude significa seriedade e compromisso com o ensino.

Seriedade e compromisso com o ensino e com a aprendizagem de alunos são propostas vistas diante de propostas inovadoras e técnicas atuais de atuação educacional. Ser sério e comprometido passa por respeitar as diferenças e os problemas, buscando facilitar e redimensionar as estruturas institucionais, frente aos problemas e as virtudes do momento. Com inteligência, critério e dignidade.

Como é difícil perceber que os mais altos dirigentes educacionais, que tanto falam em respeito e criticidade, têm dificuldade em se colocar no lugar do próximo. Como fica difícil pensar num diálogo entre os que acreditam na Educação formativa com aqueles que acreditam na Educação conteudista. Tristeza de momento educacional este pelo qual passamos.


E fui a Itupeva ministrar uma palestra intitulada “Atividade Física e Bem Estar”, a convite da psicóloga Dra. Telma Marques, que atua naquela cidade. A palestra foi realizada na Câmara dos Vereadores e levou ao lugar muitos moradores da cidade que utilizam dos serviços públicos de Saúde e mais algumas autoridades.

 

OUTROS ARTIGOS DE AFONSO MACHADO

QUANDO A MAIOR FRAQUEZA É A IGNORÂNCIA

NEM TUDO É O QUE PARECE SER. PENSE BEM NISTO!

POR FAVOR, ALGUÉM SABE DIZER ONDE FICA A PORTA DE SAÍDA?

CHEGA DE TANTO MIMIMI

SÓ QUE NÃO, MEU AMIGO, SÓ QUE NÃO…

Dentro da possibilidade de instruir e criar espaço para aquilo que seria viável realizar com o mínimo de material e na proposta de trabalhar apenas o adequado a cada um dos presentes, a palestra fundamentou princípios da antiginástica e da atividade física especial para pessoas que necessitam se movimentar e que se dispõem à romper com as barreiras das limitações físicas e mentais para implementar e manter seu corpo em movimento. Partindo do princípio que a mente controla o corpo, a fala trouxe a luz algumas possibilidades de movimentação prazerosa e saudável.

Ressalto que, sem a ajuda de Dra. Telma Marques, minha professora de Teorias da Personalidade, na Faculdade de Psicologia, esta palestra não teria a repercussão que teve: foi o principio de projetos sobre Saúde Mental que serão desenvolvidos em breve naquela prefeitura, de modo a tratar da Saúde e não da doença instalada. Prevenir é a arma inteligente quando pensamos em Saúde. Obrigado, Telma.


Fecho minhas reflexões dizendo que os dias em que esta coluna não é editada, o que tem acontecido ultimamente, reflete meus dias de correria e muita preocupação com minha saúde, que tem me tirado o chão. Mas, em nenhum momento e sobre qualquer observação ou comentário, limitei-me por interferências outras. Acredito no que penso e sinto. Portanto, ajo. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduando em Psicologia, editor-chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.