O eterno INSTANTE de nossas vidas

instante

No complexo tecido do tempo, existem momentos que transcendem a fugacidade ordinária da vida humana: são instantes que se imortalizam, que se perpetuam na memória coletiva e nas páginas da história. Entre eles, há aqueles que desafiam a linearidade do tempo, encapsulando toda uma eternidade em apenas um segundo; a história da humanidade está repleta de exemplos desses efêmeros eternos. Um gesto de amor sincero, um ato de coragem inabalável, um momento de descoberta que redefine os rumos da ciência: são esses momentos que moldam nossa compreensão do que é eterno, do eterno instante em nossas Vidas.

No entanto, o paradoxo da eternidade em um segundo também se manifesta nos momentos mais simples e cotidianos: um olhar trocado entre dois amantes que expressa toda uma vida de amor, um sorriso compartilhado entre amigos que transcende as barreiras do tempo, um instante de contemplação diante da beleza efêmera de um pôr do sol. Nestes momentos, o eterno se revela não na grandiosidade dos eventos, mas na intensidade com que são vividos.

A literatura também nos presenteia com reflexões sobre essa dualidade temporal; nas páginas de um livro, um autor pode condensar séculos de sabedoria em uma única frase, eternizando seu pensamento para as gerações futuras. Um poema pode capturar a efemeridade da vida e transformá-la em uma experiência atemporal, ecoando na alma dos leitores ao longo dos séculos.

Na arte, a busca pela eternidade em um segundo é uma constante. Um pintor pode imortalizar a beleza fugaz de um momento em uma tela, capturando a essência de uma paisagem ou de uma expressão facial. Um músico pode criar uma melodia que transcende as fronteiras do tempo, tocando os corações das pessoas em todas as eras.

Contudo, a busca pelo eterno em um segundo também pode ser uma fonte de angústia. O desejo de capturar e congelar o tempo, de deter a passagem inexorável dos segundos, é uma luta fadada ao fracasso. A verdadeira essência do eterno não reside na sua imobilidade, mas sim na sua fluidez, na sua capacidade de se manifestar nos momentos mais inesperados e passageiros.

Assim, aprendemos que o eterno não está além do tempo, mas dentro dele. Está nos pequenos momentos que compõem a tapeçaria da vida, nos instantes que nos fazem sentir vivos, conectados com algo maior do que nós mesmos. E, embora possam durar apenas um segundo, sua influência perdura muito além do tempo que levaria para contá-los.

Na efemeridade do tempo, há momentos que desafiam a sua própria natureza. São instantes que, embora breves, carregam consigo uma profundidade que transcende a sua duração aparente. O eterno, por vezes, se revela em apenas um segundo, deixando uma marca indelével em nossas vidas, quer seja trazendo flashes de alegria ou tatuando momentos de muita dor, muita decepção.

Um olhar fugaz, carregado de significados não ditos, pode conter uma eternidade de emoções. Em um único instante, somos capazes de sentir o peso do amor, da saudade, da alegria e da melancolia. É como se o tempo se curvasse diante da intensidade desse momento, permitindo que ele ecoe para sempre em nossas lembranças.

O eterno também se manifesta na coragem de um ato impulsivo, na decisão tomada em um segundo que muda o curso de uma vida inteira. Um salto no escuro, uma palavra pronunciada no momento exato, um gesto de desafio diante das adversidades. São esses instantes de bravura que nos lembram da nossa capacidade de transcender limites e moldar o nosso próprio destino.

Nos pequenos prazeres do dia a dia, o eterno se esconde nas sutilezas da existência: o primeiro gole de café pela manhã, o calor reconfortante de um abraço, o som da chuva batendo suavemente contra a janela; são momentos simples, passageiros, mas que carregam consigo uma essência intemporal, conectando-nos com algo maior do que nós mesmos.

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A arte, com sua capacidade de capturar a essência da vida, muitas vezes encontra o eterno em um segundo: uma obra-prima esculpida em pedra ou pintada em tela pode conter séculos de significado em um único vislumbre. Uma melodia que nos transporta para além do tempo, tocando as fibras mais profundas da nossa alma ou um poema que encapsula a efemeridade da existência e a transforma em uma experiência eterna.

Entretanto, é importante lembrar que a busca pelo eterno em um segundo não está isenta de desafios, por vezes, nos perdemos na ânsia de prolongar um momento, de segurá-lo com força mesmo quando ele inevitavelmente escapa por entre nossos dedos. A verdadeira essência do eterno reside na sua fugacidade, na sua capacidade de nos surpreender e nos desafiar a cada instante. É assim, aprendemos que o eterno não está além do tempo, mas dentro dele. O eterno está presente em cada respiração, em cada batida do coração, em cada instante de nossas vidas. E, embora possa durar apenas um segundo, sua influência perdura muito além do tempo que levaria para contá-los; o abanar da cauda de nosso pet, a música aleatória de nosso rádio, um encontro inusitado, um jardim florido, um sorriso de um desconhecido. Dura um segundo, mas tem um significado fabuloso para nossa afetividade.(Foto:  Khoa Võ/Pexels)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Leciona na Faculdade de Psicologia UNIANCHIETA. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

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