Acompanhamos diferentes manifestações sobre o uso ou não de telefones celulares no ambiente escolar. O tema é de repercussão mundial e há países, sobretudo os bem classificados nos rankings da OCDE – instituição de grande credibilidade que avalia a qualidade de ensino em diversos países espalhados pelo mundo – que estão dificultando até a entrada dos aparelhos em suas instituições de ensino. Por aqui já se cogita regular, como de costume por um projeto de lei, ao invés de analisar com cuidado a questão respeitando a autonomia de cada escola, configurando uma intervenção eventualmente desnecessária ou indesejável.
A principal justificativa é a indicação de que os celulares representam um fator significativo no desvio de foco no processo de aprendizagem e que o sinal sonoro de aviso de mensagem está presente no cotidiano escolar como fator de restrição das atividades regulares. Se este último fosse o grande problema bastaria desativar os alarmes nas configurações dos aparelhos, entretanto o hábito de consultar os telefones o tempo todo em atividades meramente lúdicas ou sociais realmente deve ter sua influência analisada para a tomada de ações visando a efetividade do processo educativo. Entretanto as causas desses hábitos de distração também precisam ser avaliadas para que não se acredite que as deficiências e os resultados negativos como observados pela mesma OCDE decorrem exclusivamente do elemento de distração digital.
O fato amplamente observável é que a escola tradicional, com foco no ensino baseado em metodologias passivas nas quais o docente se limita a repetir conteúdos com interatividade mínima, se tornou pouquíssimo atrativa há muito tempo. Desse modo qualquer fator pode ser suficiente para desviar a atenção de quem está em uma sala de aula, não só os celulares. Se bem utilizados estes equipamentos, verdadeiros computadores de mão, podem ser utilíssimos para pesquisas e construção de gráficos e textos, principalmente com o uso das inteligências artificiais. Para isto é indispensável a adoção de metodologias ativas, aumento considerável da interatividade, leia-se: maior participação do aluno, flexibilidade de tempos e espaços, além, evidentemente, de adequado aperfeiçoamento docente para que isto aconteça.
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Entendo que as instituições, seus coordenadores e professores devem ser os responsáveis por estas mudanças e definirem como deverá ser o uso, ou não, dos aparelhos celulares na escola e nas salas de aulas e não uma intervenção externa que desconsidera as múltiplas realidades e propostas pedagogias.
De todo modo vale ressaltar que em minha opinião é só mais balão de ensaio e que nada deve ocorrer efetivamente. Felizmente.(Foto: agenciaal.alesc.sc.gov.br)
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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