Bem dizem por aí que quando nasce um filho, junto nasce uma mãe e, com ela, aquele sentimento de culpa que vai acompanhá-la até a eternidade. Quem é mãe sabe bem disso. Vivemos numa corda bamba, sempre em dúvida se estamos fazendo a coisa certa na hora de dar uma bronca ou falar um não para nossos filhos. Mas ser chata na educação das crianças faz bem, segundo o psicoterapeuta e orientador profissional Leo Fraiman, autor de vários livros sobre educação e formação dos jovens. Confesso que saber disso me ajudou a diminuir aquele sentimento de culpa, afinal ser chata dá trabalho, mas compensa.
Foi uma frase dita por Leo Fraiman, durante entrevista para a jornalista Leda Nagle em seu canal do Youtube, que me fez avaliar minha história como mãe de duas meninas (gêmeas). Ele disse com convicção que “toda pessoa de sucesso na vida teve uma mãe chata”. E o motivo é simples: criança precisa de limites e atenção e o ato de educar e formar um ser humano dá muito trabalho. Resumindo, precisamos ser chatas para exigir, negar, repetir à exaustão o que é certo e errado. Realmente, é um trabalho e tanto.
Fiquei recordando quantas vezes disse não para minhas filhas,e por dentro me remoía de dúvidas e remorso por vê-las contrariadas e tristes. Ser chata faz parte do currículo materno, não tenho dúvida disso, mas nem sempre é gostoso ser a “bruxa malvada” que acaba com a brincadeira por que já passou da hora de dormir. Ou precisa exigir mais empenho nos estudos para garantir a tão sonhada vaga naquela universidade, quando o vestibular chegar.
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A mãe chata (eu faço parte do grupo, claro), não deixa de lembrar que precisa levar agasalho, que antes de comer o chocolate é preciso comer uma fruta, que só vai tomar o suco depois de comer a comida, que o filho ou filha ainda é muito novo para sair sozinho à noite e voltar tão tarde, que o jovem precisa ficar atento aos perigos do mundo, que precisa escovar os dentes e cumprimentar as pessoas, que não adianta fazer birra, que na volta a gente compra…
Se você se considera uma mãe chata, parabéns! Está fazendo um bom trabalho. Hoje o seu filho ou filha pode te considerar um “pé no saco”, mas no futuro com certeza vai te agradecer por todas as horas de dedicação e pentelhação. O mundo com certeza será muito mais exigente quando ele se tornar adulto e tiver de enfrentar os “nãos” da vida. Para Leo Fraiman, quando a criança tem limites, impostos por mães chatas, tornam-se adultos mais equilibrados, fortes e acostumados a lidar com as frustrações e negativas. Para mim isso faz todo sentido.(Foto: Freepik)
VÂNIA ROSÃO
Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.
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