Quando temos 20 anos, parece que a vida é uma eternidade. Temos tempo de sobra para tudo: para estudar, para namorar e casar, para construir uma vida profissional e familiar, para viajar, viver… A sensação é de que somos eternos. Mas o passar dos dias, dos meses e dos anos vai mostrando que o tempo é curtíssimo e depois dos 40 os ponteiros do relógio passam a girar como hélices e o nosso corpo começa a entender que a Lei da Gravidade é implacável. Apesar de um pouco perturbador, esse ciclo não pode ser interrompido, a não ser, claro, pela morte. Entretanto, nos dias atuais cada vez mais o ser humano tenta fugir da velhice e suas consequências, como se ficar velho fosse um crime inafiançável, lançando mão de todos os tipos de artifícios oferecidos pelas novas tecnologias cirúrgicas e estéticas. A péssima notícia é que mesmo com a cara esticada continuamos a envelhecer.
Reforço que não sou contra cirurgia plástica para deixar o abdômen mais lisinho, tirar a papada indesejada, esticar o rosto e inflar os lábios. Considero isso até positivo, se for para elevar a autoestima da pessoa e dar um novo horizonte em sua vida. Mas o que começo a perceber atualmente é que muita gente tem certa ojeriza, para não dizer pânico, de mostrar que já está entrando na terceira idade. E esse pânico está surgindo cada vez mais cedo. Lembro que antes as pessoas só procuravam um cirurgião plástico depois dos “enta”. Começavam esticando os pés de galinha, turbinavam os seios, tiravam a barriga e aí só Deus para saber onde iam parar.
Mas hoje essa busca pela eterna juventude começa na juventude. Vejo moças de 18, 20 anos se submetendo a cirurgias invasivas antes mesmo da chegada da primeira ruga. “Estou fazendo o preventivo”, dizem. Aí entram o Botox, os preenchimentos, as harmonizações, que agora estão super em alta. Se nessa idade já estão assim, imaginem quando chegarem aos 40?Não vai sobrar pele nem para piscar o olho.
Infelizmente, essa passagem implacável do tempo é mais temida pelo público feminino, apesar dos homens também estarem se rendendo à tecnologia do rejuvenescimento. Fico pensando por que a mulher tem sempre que se preocupar em estar magra, com as pernas torneadas, os bíceps no lugar, os seios apontando para o teto e o bumbum arrebitado. Ter um corpo em forma e saudável depois dos 50 já é uma dádiva e cuidar dele sem estresse é a melhor forma de envelhecer com saúde física e, principalmente, mental.
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Acho engraçado quando vejo algumas artistas globais dando entrevistas falando que envelhecer é algo natural em suas vidas, que o importante é ter saúde, fazer o que gosta, estar de bem com a vida, etc, etc, etc… Mas todas estão com os rostos deformados por harmonizações severas, tal o medo da velhice. É o famoso faça o que eu digo, não o que eu faço. Sem dúvida é muito incômodo (para não dizer deprimente) se olhar no espelho e não ver mais aquele rosto de 20 anos, mas viver tem consequências e uma delas é essa, a perda do viço da juventude. A troca pode parecer injusta, mas pense no que a vida trouxe de bom e talvez essa troca pode ter sido muito mais positiva.(Foto: cena do filme ‘O Curioso Caso de Benjamin Button’/2009)
VÂNIA ROSÃO
Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.
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