Sair para trabalhar está ficando OBSOLETO

obsoleto

Nestes tempos pós-pandemia as relações interpessoais sofreram uma enorme transformação. Um dos resquícios desta época é o meu receio, ainda, em abraçar efusivamente uma amiga, por causa do medo do contágio da Covid. Assim como eu, muita gente ficou com esse trauma. Entretanto, creio que no âmbito profissional essa transformação foi maior ainda, favorecida principalmente pela tecnologia da comunicação e a globalização. Quem tem mais de 50 anos sabe que ir trabalhar significava sair de casa e bater o cartão de ponto na empresa(foto). Hoje, o trampo é em casa mesmo, basta ir da cozinha até a sala e sentar diante do computador ou de um telefone celular. Quanta diferença, não é mesmo? Sair para trabalhar já está ficado obsoleto.

Sou do tempo em que o sonho de todo futuro trabalhador era conseguir um emprego com carteira assinada. Lembro-medo meu primeiro emprego, no Jornal de Jundiaí. O dia que fui registrada foi uma festa. Bons tempos… Mas a rotina do trabalhador era bem diferente de hoje. Pontualidade, assiduidade e, principalmente, estar disponível para fazer horas extras eram qualidades implícitas dos funcionários exemplares. Agora, em casa, quem controla o horário do funcionário? Ninguém. Isto é obsoleto. O que vale não é mais o número de horas trabalhadas, mas sim a produtividade e o resultado. Se o colaborador faz o mesmo serviço em casa, em menos horas, melhor para ele. E a empresa ganha em resultados e deixa de gastar com Internet, energia, água, cafezinho…

Realmente o mundo corporativo mudou muito na última década e, mais ainda, nos dois anos de pandemia. Eu sou de uma geração onde trabalho era das 8 às 18 horas. Em casa, a gente se desligava das obrigações da empresa. Por sinal, não existia esse negócio do chefe ficar mandando mensagem pelo celular altas horas da noite, pedindo coisas ou impondo metas para o dia seguinte. Aliás, quando eu comecei a trabalhar nem existia celular… abafa!

A comunicação ficou mais fácil, com certeza, mas essa nova geração de trabalhadores não desliga nunca. Mesmo num jantar com a família o trabalhador pode receber mensagens via WhatsApp do chefe com alguma cobrança fora de hora. E por estar conectado pela internet, nem tem como dar uma desculpa e deixar o serviço para o dia seguinte. Esses são apenas alguns exemplos de muitos que estão obrigando o trabalhador atual estar disponível 24 horas, sem tempo para cuidar da sua vida pessoal.

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Ficou cômodo trabalhar em “home office”, claro, entretanto o preço a pagar é disponibilidade total. Será que isso é bom ou ruim? Não sei julgar, mas é assim que o mundo corporativo caminha. O obsoleto vai ficando para trás e quem não quiser ficar de fora, tem de acompanhar as novas regras. Penso nas minhas filhas que estão entrando no mercado de trabalho agora e terão de encarar um cotidiano altamente competitivo e informatizado no ambiente profissional. Eu já passei desta fase…(Foto: br.vazlon.com/coopermiti.com.br)

VÂNIA ROSÃO

Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.

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