Você já ouviu falar que, de perto, ninguém é normal? Pois é, estudiosos da fisiologia e anatomia humana, há muito tempo, desistiram de estabelecer o que é NORMAL, pois, inúmeras pessoas, por aí, não se encaixam em padrão algum, mas vivem muito bem. Fala-se em faixa de normalidade, mesmo assim, garanto que muita gente vive distante desses limites. Hoje vamos falar sobre as várias esquisitices do corpo humano. Selecionei alguns casos possíveis de explicar à luz da ciência. Alguns podem ser encontrados nos grandes volumes do livro dos recordes: o Guinness Book.
A princípio, senti inveja da mulher que tem 500 orgasmos por dia, porém, foi sensação passageira, considerando que esse fenômeno equivale a quase 21 orgasmos por hora ou 1 a cada 3 minutos. Fiquei pensando como deve ser difícil fazer compras no supermercado e ter um orgasmo. Atingir o clímax na cadeira do dentista. Pior ainda, fechada numa sala de cinema durante duas horas, sentir até 42 orgasmos!!! Talvez fosse divertido por um ou dois dias, passado esse tempo, deve ser muito incômodo e cansativo.
O orgasmo caracteriza-se por intenso prazer físico mediado pelo sistema nervoso autônomo, que provoca ciclos de rápidas contrações musculares na região pélvica (músculos que rodeiam os órgãos sexuais e o ânus), acompanhado de ações involuntárias, como espasmos musculares em outras partes do corpo e uma sensação geral de euforia. Tem duração de alguns segundos e é um período de grande relaxamento e queda da pressão arterial. Devido à liberação da prolactina, há também redução temporária das atividades do córtex cerebral, portanto, logo após um orgasmo, o corpo necessita de repouso. Imagina ao final do dia, o nível de esgotamento dessa mulher?
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O nome dessa doença é Síndrome de Excitação Sexual Persistente. Segundo especialistas, há um aumento no fluxo sanguíneo persistente na região pélvica, que faz com que a mulher esteja constantemente excitada, permitindo-lhe atingir de 80 a 500 orgasmos por dia. Algumas mulheres, sem esta doença, experimentam esta sensação durante a gravidez, mas desaparece após o nascimento do bebê.
Todos os casos relatados ocorreram na vida adulta e, a maioria das mulheres sofreu algum trauma pélvico, problemas de relacionamentos no trabalho ou na vida pessoal antes de desenvolver a doença. Uma delas, com acometimento severo, se matou.
Mantendo o foco nos assuntos sexuais, encontrei um homem com dois pênis e uma mulher com duas vaginas. Gananciosos, não é mesmo?
Ter dois pênis é uma condição que a medicina denominou difalia, algo comum na natureza, mas, extremamente rara entre seres humanos (1 em cada 5,5 milhões de americanos possuem esse distúrbio). Não é transmitida geneticamente, porém, trata-se de uma expressão irregular dos genes durante a quarta semana de desenvolvimento fetal, que leva a mutações e provoca as mais diferenciadas manifestações.
Os homens que sofrem dessa anomalia possuem os mais variados tipos de forma e funcionalidade relacionados com os seus pênis. Alguns possuem membros malformados, pequenos ou que não são capazes de urinar ou ejacular. Outros, em frequência mais rara, possuem um par perfeito de pênis funcionais.
Há um caso notório de um homem bissexual que mantém sua identidade em segredo e que possui dois pênis funcionais. Ambos urinam, ejaculam e, apesar de produzir grande volume de esperma, tem apenas dois testículos. Ele é famoso por suas peripécias sexuais relatadas na internet. Esse é um caso raríssimo, já que o esperado é uma má formação severa, na maioria das vezes, incompatível com a vida.
Imagine um homem com dois pênis se casando com a mulher de duas vaginas. Se eu soubesse resolver essa equação, gostaria de avaliar a probabilidade dessa ocorrência. Chuto que seria mais difícil que ganhar na Megasena: 1 em 50 milhões.
As mulheres, geralmente, se sentem uma aberração quando, infortunadamente, nascem com duas vaginas, diferentemente dos homens que se acham especiais, sob a mesma circunstância em relação aos seus órgãos genitais.
É uma anomalia menos rara, ocorre em 1 mulher a cada 3000, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), conhecida na área médica como “útero didelfo”. Trata-se de uma malformação uterina, marcada pela ausência de fusão dos ductos de Müller, resultando na presença de dois hemiúteros, colo duplo, bem como, uma vagina dupla, em grande parte dos casos.
Os órgãos sexuais externos e internos podem estar ou não totalmente desenvolvidos e funcionais. Algumas mulheres relatam duas menstruações, enquanto outras, apenas uma. Esses fenômenos sugerem, comumente, cirurgia para ficar com apenas um conjunto de órgãos.
Algumas perguntas insolentes:
É possível perder a virgindade duas vezes? Sim.
É possível engravidar de dois homens diferentes em um mesmo ciclo menstrual? Sim.
Passando de um extremo a outro:
Há casos de anomalias por falta dos órgãos sexuais?
Considerando que o desenvolvimento dos órgãos genitais somente se completa na adolescência, algumas malformações são congênitas e outras decorrem de perturbações do desenvolvimento ocorridas no mesmo período.
Em mulheres, existem vários tipos de agenesia ou malformação dos órgãos genitais, uma delas conhecida como Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser, autossômica dominante, resultando na ausência de abertura vaginal, condição que pode afetar o desenvolvimento do útero e do canal da vagina, tornando-os incompletos ou ausentes.
Essas mulheres não podem ter filhos e, antes de iniciar a vida sexual, carecem de intervenção cirúrgica, que não deixa cicatrizes e não compromete o prazer, pois, a formação do clitóris não é afetado pela síndrome.
Em homens, também existem inúmeras formas de agenesia, sendo uma delas, conhecida como rara enfermidade congênita chamada Agenesia Gonadal, que se caracteriza pela ausência do pênis e dos testículos.
Em algum momento da etapa embrionária, as células de Leydig não convertem as gônadas em testículos e, consequentemente, não produzem a enzima 5aDHT. Noutras situações, para que os homens possam urinar é necessário unir a uretra e o reto.
É bem diferente para os humanos, enquanto é comum entre as aves, que possuem apenas um orifício para eliminar seus dejetos.
Uma em cada 20 milhões de crianças nasce com essa condição anômala. A ausência de testículos não impede a produção de hormônios masculinos naturalmente, já que parte desse hormônio é proveniente das glândulas adrenais, então, o homem nessa condição, apresenta características masculinas.
Bem, já vimos o excesso, a falta de órgãos sexuais, mas, e se o indivíduo for portador dos dois sexos?
O hermafroditismo é um problema sexual pouco conhecido, configurando um distúrbio morfológico e fisiológico das gônadas de um indivíduo que, simultaneamente, manifesta estrutura tecidual testicular e ovariana.
Na maioria dos casos é observada a presença de duas gônadas mistas, denominadas ovotetis, ou seja, uma fusão do testículo e do ovário, existindo outras duas situações: a primeira, onde há desenvolvimento de um testículo e de um ovário, cada qual disposto lateralmente no corpo, contrariando a simetria bilateral normal dos órgãos reprodutores; a segunda, com o desenvolvimento de uma ovotetis de um lado e uma das gônadas (testículo ou ovário) do outro.
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A tendência do hermafroditismo é o aparente aspecto externo da genitália masculina, quando coexistentes testículo e ovário. Nas demais situações, com duas ovotetis ou ovotetis e gônada, a genitália possui aspecto feminino.
Os transtornos psicossociais, em qualquer uma das situações acima, tendem a aparecer na puberdade, época em que se presta mais atenção ao desenvolvimento da genitália.
É importantíssimo o apoio da família somado ao suporte médico, considerando que essas anomalias não são insolúveis, embora, às vezes, a solução pode ser estranha ao senso comum, mas com certeza, a intervenção adequada conferirá qualidade de vida e bem estar ao portador. (foto principal: exposição ‘Fantástico Corpo Humano’)
ELAINE FRANCESCONI
Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora