“Quando eu morrer não quero choro nem vela…” dizia o samba de Noel Rosa. A morte nem sempre é um tema que gostamos de abordar e as exéquias, que são os rituais funerários, geralmente deixam todos consternados prolongando a tristeza e o desconforto. Assim, reduzir este protocolo pode ser uma forma de abreviar o esgotamento emocional determinado pela perda do ente querido e algumas alternativas podem ser utilizadas embora não sejam, ainda, práticas usuais.
Perdi recentemente um grande amigo cuja família optou, atendendo um desejo seu, por uma cerimônia rápida e simples através de cremação com participação restrita aos familiares. Entendi e respeito, pois esta é a minha vontade também. Preferencialmente sem velório.
Gosto de me lembrar dos que partiram em seus bons momentos, dos tempos de convivência e das alegrias compartilhadas. Das risadas, das viagens, dos “perrengues”, mas, sobretudo das confraternizações. As exéquias, embora tradição muito antiga, praticada por romanos e egípcios desde tempos imemoriais, nem sempre trás os sentimentos que pretendemos oferecer.
Consideradas um assunto “chato”, as exéquias servem para nos lembrar da nossa finitude e, muitas vezes, pode servir de parâmetro para repensarmos o tempo que usamos em atividades desgastantes sem muito propósito em detrimento das boas horas que poderiam ter sido aproveitadas. Tentamos, muitas vezes, nos reunir com amigos e parentes, mas o excesso de compromissos não permite que isto ocorra. “Neste fim de semana não posso, fica para a próxima”. Quantas vezes ouvimos isto ao longo de nossas vidas sem saber, à medida que envelhecemos, se haverá uma próxima.
Melhor celebrar a vida e encontrar sempre algum tempo para reunir a família e os amigos. Hierarquizar nosso tempo privilegiando aquilo que nos faz bem lembrando que as oportunidades nem sempre podem se repetir e esperar o momento oportuno, ou a hora certa, é absolutamente incerto. Quanto mais vivemos, lembrando que não será para sempre, mais nos arrependemos de não atendermos os princípios da convivência.
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FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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