Entre os “elegíveis fundadores”, a primeira referência à Dona Petronilha Antunes aparece em Hibiturucaia – o foco dessas palavras – e ao lado de seu nome os demais nomes citados como fundadores da cidade não aparecem, entre outros, Rafael de Oliveira. Segundo o historiador Walter Gossner, […] nos primeiros anos do século XVII vários povoadores portugueses moravam na região. Os primeiros documentos datam de 1642 (portanto somente três anos após a fundação de Jundiaí) e dizem que, Amador Bueno (o ‘Rei aclamado’ dos paulistas), Cunha Gago, Garcia Rodrigues Velho e outros tinham adquirido ‘sesmarias’ na região de Hibiturucaia.
Mesmo Jundiaí, uma das cidades mais antigas do Estado de São Paulo, faz seu passado diáfano e confuso devido às contraditórias informações e os interesses envolvidos nessa disseminação. Além de ser um assunto (sua malfadada “história de fundação), sem grande relevância para um debate histórico importante.
Segundo os viajantes Spix e Martius, Jundiaí em 1656 (Comarca) era considerada importante apenas como rota do comércio do sertão. Não tão diferente dos adjetivos que emprega a cidade para conquistar novos moradores e empreendimentos, dita de colonização italiana, que na verdade de tradicional e costumeiro, há sua organização sobre a escravização dos povos nativos; africanos da Guiné, Congo e Benguela; afrodescentes e caboclos. E os entradistas que tomaram posse do território que hoje existe Jundiaí.
Constando nas Sesmarias, volume 1, de 4 de julho de 1642, uma das primeiras e escassas referências documentais sobre doação de terras em Jundiaí, na petição de Sebastião Fernandes Correa, que recebe em 1642 uma sesmaria:
[…] nas cabeceiras de Petronilha Antunes cortando a ponta de terra de Hibiturucaia partindo de uma banda com terras de Amador Bueno e da outra banda com umas terras de Pedro Madeira e confronta da banda de Amador Bueno com umas taperas que foram de um índio chamado Marafana rio arriba chamado Jundiahi que seriam duas léguas pouco mais ou menos em quadra […].
Jundiaí existe e sobrevive da agricultura necessária para a posse e sedentarismo, uma agricultura de manutenção do povoado e no abastecimento das expedições sertanistas recém-chegadas. Muito antes da segunda metade do século XIX, como o ciclo do café, estradas de ferro e a idolatrada e sofrida imigração italiana que também se alocam nas terras de…
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Hibiturucaia, que hoje mantém suas características setecentistas de manutenção do povoado (Jundiaí) e no abastecimento das expedições (força de trabalho), assim como outras áreas periféricas, tem papel importantíssimo no desenvolvimento de uma cidade que é anterior aos “papudos de Jundiaí” (nome dado aos imigrantes italianos devido às deficiências de nutrientes, muitos foram molestados por bócio).
Outros trabalhadores investiram e investem tempo e inteligência para manter uma cidade que não é apenas o centro da cidade e o entorno da vila operária, da praça e da igreja e a terra da uva não pertence só há um grupo, mas é de indígenas, caboclos, nordestinos, afrodescendentes, luso-brasileiros, suábios, ítalo-brasileiros e tantos outros que aqui recorrem para sonhar e sobreviver.(Ilustração: Geraldo Tomanik/Acervo professor Maurício Ferreira)

JOSÉ FELICIO RIBEIRO DE CEZARE
Mestre e doutorando em Ensino e História de Ciências da Terra pelo Instituto de Geociências da Unicamp. Membro da Academia Jundiaiense de Letras. Pesquisador, historiador, professor, filósofo e poeta. Coeditor da Revista literária JLetras. Para saber mais, clique aqui. Redes sociais: @josefelicioribeirodecezare.
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