Quem se dispõe a escrever e publicar sempre será motivado pelas suas idéias e convicções, mas, também, continuamente estimulado por tudo aquilo que permeia sua convivência social, a família, os amigos, o seu meio profissional e a mídia. Não há como desconsiderar tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo e o volume gigantesco de informações que aparecem pelos mais diversos meios. As conversas que temos, e teremos, são pautadas pelos acessos a tudo o que está ocorrendo no mundo e, dificilmente, conseguiremos deixar de nos manifestar sobre estes temas. É o que se poderia chamar de inevitável.
Inevitável não falar do novo papa, Leão XIV, um cardeal aparentemente desconhecido que ganhou força no colégio cardinalício e que deve seguir as tendências do papa anterior, Francisco, em sua tarefa de levar a igreja até seus fiéis como propôs Leão XIII na “Rerum Novarum” há mais de um século. Um evento altamente midiático.
Inevitável não comentar as discutíveis propostas do novo presidente americano, também com alta repercussão, que invadem o mundo mexendo com a economia e os direitos humanos, sem que saibamos se seremos ou não atingidos pelas suas ações.
Inevitável não questionar esta infindável novela na escolha do novo técnico da seleção quando ouvimos que já está tudo certo até não estar mais. As dúvidas se vamos ou não nos classificar para a próxima copa tem um reflexo absolutamente indesejado: o desinteresse. Foi-se o tempo em que a seleção mobilizava o país.
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Inevitável não comentar o escândalo do INSS. Um roubo sistemático que subtraia alguns reais de milhares de aposentados e que nos últimos anos passou a invadir as contas de milhões de brasileiros que trabalharam a vida toda para receber uma aposentadoria ínfima, mas que, nem assim, deixou de ser objeto dos “espertos” com olho grande. Esperamos que os anúncios de restituição de valores se efetivem sem uma burocracia gigantesca como costuma acontecer cada vez que tentamos acionar ou nos informar em alguma esfera de governo. Parecem que os sites e serviços são organizados sempre para dificultar e nunca para facilitar, sobretudo para quem não tem PHD em informática. Mais ainda, que estas restituições, se isto de fato ocorrer, sejam com o dinheiro roubado e não, como sempre, às custas do contribuinte.
Inevitável não falar da violência que vemos diariamente, dos assassinatos para roubar um celular às insistentes tentativas de golpe que recebemos o tempo todo em nossos celulares, que nos faz considerar se podemos sair de casa. Há muito mais para nos incomodar, assim deixar de escrever é inevitável.
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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