O Padre Murilo Moutinho, jesuíta que se empenhou para a canonização de José de Anchieta, era chamado a celebrar casamentos de amigos de minha mocidade. Quando alguma criança falava alto ou brincava durante a cerimônia, ele dizia: “Deixem as crianças à vontade. Os inocentes fazem barulho e não pecam! Os adultos pecam sem fazer ruído”… Ele tinha razão.
Foram os adultos que maltrataram o Planeta, utilizaram-se de seus recursos finitos como se fossem inesgotáveis. O resultado é uma Terra exaurida, cansada de tanto maus tratos. Até 2050, os inocentes do mundo inteiro, as crianças, sofrerão as consequências dessa ação/omissão criminosa. Estarão expostas a elevadas frequências de calor. É o que indica o Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância.
O relatório publicado em 26 de outubro divulga a gravidade da situação dos menores de dezoito anos em decorrência da crise climática. O nome do relatório é sugestivo: “O ano mais frio do resto de nossas vidas”. Porque o aquecimento global só trará calor. Algo que faz eco em relação à última extinção da humanidade, com o dilúvio. Agora, ela acabará com fogo.
Hoje, 559 milhões de crianças, inocentes no mundo inteiro, já estão sofrendo ondas de calor excessivo. Em 2020, uma em cada quatro crianças enfrentou essas ondas de temperatura mais elevada do que a admissível para o bicho-homem. Criança é o grupo mais vulnerável a esse fenômeno. Os velhos, sabe-se, têm a probabilidade de saírem desta esfera terrena. Já a infância teria algumas décadas à frente. Não é só uma questão de saúde física. A saúde mental e emocional fica também comprometida.
As zonas tropicais serão as mais afetadas. O Unicef avalia que haverá mais de 83 dias por ano com temperaturas superiores a 35 graus. O Brasil está nessa área vulnerável. As ondas de calor matam meio milhão de pessoas por ano. Começa com a alergia, insolação e estresse término, asma e doenças respiratórias crônicas, aumento de doenças cardiovasculares, risco de doenças transmitidas por mosquitos, baixo peso ao nascer, subnutrição e diarreia.
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Isso aconteceu no Brasil em 2021, principalmente no Mato Grosso, que registrou 41 graus centígrados de temperatura. Será que algum brasileiro se lembra de que assinamos o Acordo de Paris, comprometendo-nos a reduzir emissão de gases venenosos para conter o aumento da temperatura global? Quem se lembrar, cobre do governo honradez e observância do que foi tratado. O que é tratado não é caro, dizem os juristas antigos.(Foto: Agência Brasil)

JOSÉ RENATO NALINI
Desembargador aposentado, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras.
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