A metamorfose (do grego metamórṗhosis = mudança de forma; transformação), relacionada às transformações na estrutura, no corpo e na vida de algumas espécies, é tema que intriga e chama a atenção, como, por exemplo, no caso de uma lagarta, que rasteja, passando por um casulo, evoluindo para uma borboleta, com asas para voar e encantar com sua beleza. A mudança ocorre constantemente na natureza, devendo alcançar também a consciência e o comportamento humano para a preservação do meio ambiente.
O ambiente natural muda a todo instante: as águas se renovam pelo ciclo da evaporação, condensação e precipitação. Os animais e plantas se sucedem no interminável ciclo da vida, nascimento, crescimento, morte e transformação da matéria que irá alimentar esse ciclo.
As árvores se transformam também o tempo todo, germinam de pequenas sementes e se tornam muitas vezes frondosas, produzindo flores e frutos que alimentarão outras espécies que não tem ligação direta com ela, mas que permitirão a continuidade tanto das árvores como dos animais, num contínuo ciclo da vida.
As pessoas também nascem, crescem, se fortalecem, são educadas para a vida, se reproduzem em novas gerações, agregando conhecimento e experimentando transformações na ciência, na tecnologia, etc.
O ser humano é quem, com capacidade cognitiva, observa as mudanças, mas tem dificuldades em lidar com elas. Não deve o homem interferir significativamente nas mudanças que podem prejudicar o ecossistema e o equilíbrio ambiental, ao contrário, seu dever é respeitar e proteger o que ele mesmo não criou, mas depende dele para sobreviver, pois é da terra, da água, dos recursos naturais, que retira alimentos e tudo o mais que necessita.
Se tudo existe, evolui e se transforma constantemente para continuidade da vida, não pode a raça humana desvalorizar e permitir que a destruição ameace a vida no planeta: mudanças climáticas, chuvas ácidas, efeito estufa, aquecimento global, etc., provocadas, segundo a ciência, pelo próprio ser humano, o último na escala evolutiva, que. O uso desenfreado de combustíveis fósseis e dos recursos naturais em geral são algumas das causas negativas.
A ONU – Organização das Nações Unidas – lançou recentemente uma campanha publicitária onde um dinossauro toma a palavra em uma tribuna para alertar os líderes mundiais e os seres humanos em geral das consequências de seus atos, pois os combustíveis fósseis (oriundos da decomposição há milhares de anos de animais e plantas, muitos deles extintos) podem gerar no futuro à extinção da própria espécie humana. O alerta é para que não devemos escolher a extinção, utilizando produtos oriundos de espécies já extintas (fósseis), mas devemos escolher pela vida. Também a mensagem é para se deixe de subsidiar os combustíveis fósseis que poderão levar à destruição, mas se ajude a própria raça humana, onde milhões vivem em considerações de miserabilidade. A destruição do meio ambiente, a evolução tecnológica, a produção de riqueza em alguns países, como se sabe, não trouxe a erradicação da pobreza e a condição de indignidade.
É bem verdade que o ser humano tem buscado outras fontes de energia renovável, entre elas a fotovoltaica (da luz do sol) e eólica (do vento) para geração de energia elétrica, fruto da sua capacidade cognitiva e inteligência. Essas fontes de energia poderão, no futuro, substituir em definitivo os combustíveis fósseis.
Fontes de energia limpa deveriam ser fomentadas, pois, mantendo-se o uso de combustíveis fósseis teremos que enfrentar mudanças climáticas, com episódios cada vez mais recorrentes de ondas de calor com destruição de florestas imensas, secas prolongadas, chuvas intensas, todas com efeitos catastróficos para todos (fauna, flora, vidas humanas). Entretanto, o custo dessa energia limpa ainda é elevado, devendo-se inverter a ordem econômica para maior produção e diminuição dos preços, reduzindo-se o consumo de combustíveis fósseis. Alguns países já concedem benefícios para quem usa energia limpa, taxando mais quem ainda usa combustíveis fósseis, dando prioridade, por exemplo, ao trânsito de veículos elétricos e valores menores no uso de estacionamentos.
O ser humano deve usar da mudança, da transformação, da metamorfose, para evoluir, para ganhar asas, sonhar e alçar voos maiores. Mudança de atitude rumo ao conhecimento, transformação dos velhos hábitos por novos comportamentos voltados à preservação da vida. Metamorfose para avanços em maior escala e rumo ao aperfeiçoamento como pessoas, como profissionais, com reflexos positivos em favor de toda a sociedade que nos rodeia.
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Ouso dizer que no meu caso, a mudança, transformação e metamorfose estiveram presentes, mas continua sendo realizada. Na infância atento à beleza da natureza e as mudanças das estações. Na adolescência exercendo desde cedo atividades profissionais para permitir depois o acesso ao ensino superior. Na vida adulta, ocupando posições voltadas à promoção da justiça ambiental, com especialização e também compartilhando os conhecimentos em aulas de direito ambiental, com foco também na conscientização e atividades práticas. Também compartilhando textos com pessoas interessadas na mudança, tentando motivar os leitores. A transformação, a mudança, a evolução agora é rumo a uma nova etapa, um universo de novas oportunidades, mantendo sempre viva a chama da causa ambiental…
Afinal, como cantava Raul Seixas, “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo…”. Por sua vez, Antoine-Laurent de Lavoisier cunhou a célebre frase de que “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, significando para mim que na natureza nada morre, tudo se transforma, tudo renasce, tudo ressurge… inclusive nós.(Foto: André Victor Lucci Freitas/Unicamp/Fapesp)

CLAUDEMIR BATTAGLINI
Promotor de Justiça do Meio Ambiente de Jundiaí. Professor universitário e especialista em Direito Ambiental. E-mail: battaglini.c7@gmail.com
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