A invisibilidade da VIOLÊNCIA contra mulheres com deficiência

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Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, convido à reflexão sobre um tema de extrema importância, mas muitas vezes negligenciado: a violência contra mulheres com deficiência. Este é um problema que permanece, em grande parte, invisível na sociedade, apesar dos dados alarmantes.

Essa data não é apenas um momento de homenagem, mas também uma oportunidade de reivindicar direitos e dar visibilidade a questões urgentes que afetam a vida das mulheres. Quando falamos sobre violência de gênero, muitas vezes esquecemos que mulheres com deficiência enfrentam desafios ainda mais acentuados, sendo vitimadas com mais frequência e encontrando mais dificuldades para buscar apoio e justiça.

Dados que falam mais alto – Estudos revelam que mulheres com deficiência enfrentam até três vezes mais chances de serem vítimas de violência sexual, física e psicológica em comparação com mulheres sem deficiência. Isso representa uma das maiores desigualdades no enfrentamento à violência, um fenômeno que exige ações urgentes e coordenadas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 19% das mulheres no mundo têm algum tipo de deficiência. No Brasil, esse número chega a cerca de 25%, conforme o IBGE. A combinação entre gênero e deficiência coloca essas mulheres em um grupo de risco elevado, pois a vulnerabilidade associada à sua condição pode ser explorada por agressores, muitas vezes dentro do próprio ambiente familiar.

Fatores de Vulnerabilidade – Diversos fatores contribuem para essa vulnerabilidade exacerbada:

  • Barreiras de comunicação dificultam que essas mulheres relatem abusos ou compreendam a gravidade da situação. Mulheres surdas, por exemplo, muitas vezes não têm acesso a serviços de denúncia em Libras, o que impede que relatem violências sofridas.
  • O isolamento social, intensificado pela dependência de cuidadores, reduz suas chances de buscar ajuda. Em muitos casos, o agressor é justamente a pessoa que deveria garantir seu cuidado e proteção.
  • Preconceitos e estereótipos, como a ideia de que mulheres com deficiência são assexuadas ou incapazes de consentir, desumanizam e as tornam alvos fáceis para abusadores.
  • Acesso limitado a serviços especializados agrava o problema, dificultando o acolhimento e a proteção. Muitas delegacias da mulher não possuem estrutura acessível para cadeirantes ou profissionais preparados para lidar com mulheres com deficiência intelectual.
  • Dependência financeira: A falta de oportunidades no mercado de trabalho faz com que muitas mulheres com deficiência dependam economicamente de familiares ou cônjuges, o que dificulta a ruptura com relações abusivas.

Impactos Devastadores – Os efeitos da violência transcendem o físico, atingindo profundamente o emocional e psicológico. Mulheres com deficiência frequentemente enfrentam traumas, depressão e agravamento de suas condições de saúde. Estudos apontam que mulheres com deficiência que sofreram violência têm taxas significativamente mais altas de transtornos psicológicos, como ansiedade e síndrome do pânico.

Além disso, a violação de seus direitos básicos perpetua ciclos de exclusão e sofrimento. Muitas vezes, por medo ou falta de suporte, essas mulheres permanecem em ambientes de abuso por anos, sem perspectivas de saída.

O Papel da Sociedade – Combater essa violência exige um esforço conjunto:

  • Educação e sensibilização: Campanhas que desconstruam preconceitos e promovam o respeito aos direitos das mulheres com deficiência.
  • Reforço legal: Ampliação e implementação eficaz de leis como a Lei Maria da Penha e o Estatuto da Pessoa com deficiência, assegurando acessibilidade e proteção.
  • Serviços de acolhimento: Profissionais capacitados para atender as necessidades específicas dessas mulheres, com suporte psicológico, jurídico e de saúde.
  • Aprimoramento dos mecanismos de denúncia: Criar delegacias da mulher acessíveis, disponibilizar atendimentos em Libras e garantir a capacitação de profissionais da segurança pública para lidar com esse público.

Empoderamento e Transformação – Promover a autonomia das mulheres com deficiência é essencial. Isso passa pelo acesso à educação, ao mercado de trabalho e a uma rede de apoio que garanta sua participação plena na sociedade.

O incentivo à formação profissional e ao empreendedorismo pode ser um caminho importante para que essas mulheres alcancem independência financeira. Além disso, é fundamental que o governo e as empresas criem programas de inclusão para garantir que mulheres com deficiência possam trabalhar em condições dignas e seguras.

A tecnologia também pode ser uma aliada nesse processo. Aplicativos e plataformas digitais acessíveis podem oferecer suporte, informação e canais de denúncia para que essas mulheres saibam a quem recorrer em situações de risco.

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Juntos pela mudança – A violência contra mulheres com deficiência é um desafio urgente que demanda a mobilização de todos. Governos, profissionais de diversas áreas e a sociedade civil devem unir esforços para garantir um ambiente inclusivo, seguro e justo para todas as mulheres.

Se você é vítima de violência ou conhece alguém que precisa de ajuda, acesse o Acolhimento Mulher (www.acolhimentomulher.org) ou utilize os canais de denúncia: Disque 180, 100 ou 190.(Foto: Polina Tankilevitch/Pexels)

REINALDO FERNANDES

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