Morre George, o Escritor Piloto. Leia último artigo

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George André Savy, colaborador do Jundiaí Agora desde 2018, morreu nesta madrugada(8). Ele escrevia artigos quinzenalmente. Nas últimas semanas, reclamando de fortes dores, avisou que não tinha mais condições de escrever e que iria passar por uma cirurgia. Mesmo assim, George – que também era conhecido como Escritor Piloto – enviou mais dois artigos. O último, com o título ‘O Ego na Infância’, seria publicado na próxima terça-feira(14).

Devido ao falecimento, o JA antecipa a divulgação como forma de homenagear o escritor(abaixo). Em seu site, George explicava a origem do apelido literário: “O nome Piloto foi sugestão de amigos, que me chamavam de piloto de fuga quando dirigia”. Segundo amigos próximos, George Piloto estava internado. O horário e local de sepultamento ainda não foi definido.

O EGO NA INFÂNCIA

No texto anterior descrevi como nós, adultos, lidamos com o conflito entre o eu e o ego. Mas e durante a infância? Ele está presente nas crianças? Como? É este o assunto de hoje, o ego na infância.

O ser humano não é perfeito, nasce com dons, força, fraqueza, deficiências em todos os aspectos. Nesse misto, está lá também o eu e o ego, juntos. Tudo aguardando o momento de ser dosado, equilibrado. O ego é aquela essência primitiva, natural do ser novo, que veio ao mundo e requer toda atenção. A criança quer ser atendida, receber, ainda não tem a noção do servir. Toda criança quando recebe, ganha algo, esse algo passa a ser dela. “Isto é meu”. Quantos conflitos entre irmãos os pais já presenciaram! Mas não é um fato, digamos, negativo dos pequenos. São fases. Daí a necessidade de saber trabalhar essas fases para que não se perpetuem pela juventude e vida adulta, sem causar traumas.

Vou citar um exemplo próprio. Em minha adolescência, ainda trazia muita coisa da infância. Entre elas, estava o ego ali, tentando e tentando. E o que toda criança e pré-adolescente mais quer? Atenção. Ficar conhecido, ter seus amigos, sua turma, se expressar, mostrar ao mundo que ele existe. Como já tinha habilidade na comunicação, lendo histórias na sala de aula, decidi, aos 14 anos, criar um jornal para circular entre os amigos da escola. Não era mural, era feito em papel almaço, todo feito a mão, com seis a dez, doze páginas, que ia de mão em mão. Os colegas liam e devolviam. Alguns levavam para casa, para os pais lerem, e depois devolviam (inclusive assinados, registrando que leram). O nome do jornal? “Jornal do George”. O ponto a se observar.

Se mostrar hoje aqueles jornais aos amigos, muitos dirão: “nossa, seu nome no jornal? Não é muito orgulho, arrogância”? Aqui entra a explicação da fase, da infância para a pré-adolescência. Eu estava morando num bairro novo, há pouco tempo, conhecia poucas pessoas e iria estudar numa escola onde não conhecia ninguém, consequentemente ninguém me conhecia. Este foi o fator primordial para colocar meu nome naquele canal de comunicação. As pessoas precisavam saber quem fazia aquele jornal, quem era o George. Toda criança e adolescente sonha em ver seu nome em algum lugar, as pessoas falando dela. E o objetivo foi atingido. Em pouco tempo, com uns dez exemplares feitos, já estava conhecido na vizinhança e na escola. As pessoas falavam; “olha o Jornal do George”… ficou conhecido como “JG”. Acabou caindo na simpatia, as pessoas se acostumaram. Aliás, até “fiz escola” com o jornal. Um colega de classe, acabou criando o jornal dele, o “Jornal do Cláudio”. Resultado, ficamos conhecidos como os estudantes que produziam jornal na escola.

Mas toda fase precisa ser superada. Com o tempo, fui me conhecendo mais, descobrindo como o ego atrapalha as relações, principalmente quando começamos a exceder no que transmitimos aos outros. E após 80 edições do “JG”, retirei meu nome do jornal. Não precisava mais destacar meu nome, já era conhecido, e manter o nome destacado já estaria configurando como vaidade, orgulho, ser esnobe… impulso do ego.

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Quando se estuda psicologia e pedagogia, ficam bem claras essas fases e suas consequências quando não superadas, quando não trabalhadas da forma correta. Não são só os traumas da infância os vilões de muitos adultos. Os “instintos” primitivos, naturais do ser humano, quando não ajustados à idade correspondente, aos degraus subidos, também prejudicam o adulto e suas relações interpessoais. Assim, nos ditos populares, sempre ouvimos aquelas expressões; “é criança”, “não sabe o que está fazendo”… Algumas exceções sempre são abertas às crianças, no entanto, sob severa observância. Alguns elementos primitivos precisam ser ajustados logo, rapidamente. Outros podem e devem esperar um pouco mais. A fase da infância é rica e rápida. Tudo muito rápido, é um desafio aos adultos, relembrando mais um ponto que destaquei no texto anterior: psicologia deveria fazer parte das matérias no Ensino Médio, justamente para preparar para a maternidade e paternidade. Se os pais são manipulados pelo ego, como poderão ajudar os filhos? Fica a reflexão!(Foto: Victoria Akvarel/Pexels)

GEORGE ANDRÉ SAVY

Técnico em Administração e Meio Ambiente, escritor, articulista e palestrante. Desenvolve atividades literárias e exposições sobre transporte coletivo, área que pesquisa desde o final da década de 70. Também usava o nome Escritor Piloto.

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