Estudar e tentar a sorte nos Estados Unidos. Uma aventura que acabou dando certo. Assim, o toxicologista André Luís Guerra Rozado, de 40 anos, define os 17 anos que vive com a família na América. De lá, ele não tem um olhar humilde para a cidade Natal. Jundiaí é uma promessa de futuro melhor, diz sem titubear. A entrevista:
Desde quando está nos EUA?
Desde 2002.
É casado? Tem filhos?
Sou casado com a Anastasia Ninos, a Nana, que é americana crescida no Brasil. Ela estudou na Divina Providência. Temos dois filhos Gariella, de 8 anos e o Benjamin, com apenas 2 anos.
Conte um pouco da sua vida em Jundiaí…
Cresci no jardim Morumbi estudei em muitas escolas como o Marcos Gasparian, SESI 355, Colégio São Vicente de Paulo, Bispo Dom Gabriel, Conde, Etevav. Numa determinada época fiz o mesmo que meus amigos estavam fazendo: fui trabalhar no parque aquático, em Itupeva. Também trabalhei na academia Liboni Jiu Jitsu. Foi muito bom já que estávamos trazendo esta arte marcial para a cidade. Trabalhei também como serralheiro com um grande amigo, o Bruno Sega, que é bombeiro. Tenho família em Jundiaí. Minha mãe, Joceli Guerra, meus irmãos Tiago, Marina e Marília estão na cidade. Ivan vive na região. A última vez que voltei foi há dois anos. Quando mudamos para os Estados Unidos, visitávamos os parentes uma vez por ano…
Sente falta de algo?
Sinto falta da família e dos amigos, da fantasia de viver rodeado de pessoas que te conhecem e sabem mais sobre você. Sinto falta de ir curtir com os amigos e ficar enchendo o saco deles com tudo, futebol, mulheres, porque o nariz dele é grande ou se ele cortou o cabelo na Mirna. Também sinto saudades de restaurantes e visitar pessoas sem ser convidado.
Há algo que não sente falta?
E não tenho saudades da política. Ver a Serra do Japi sendo invadida e a gente não poder entrar e ter que pedalar só até a placa… Depois, ter de parar porque a trilha não está limpa. A gente não pode curtir a nossa riqueza…
Por que decidiu se mudar para aí?
Decidimos nos mudar para estudar e ver se nos adaptaríamos. Tínhamos 20 e 24 anos e não sabíamos exatamente o que estávamos fazendo. A mudança foi mais por que tínhamos a escolha de poder vir. É uma aventura de 17 anos e muito aprendizado. Chegamos em Nova Iorque em 2002 nos mudamos para Astoria, Queens, e estamos aqui desde de então. Astoria é um bairro sem prédios porque não dão permissões para serem construídos. É um local que nos traz paz e segurança. O metrô fica poucos blocos da nossa casa, em 15 minutos estamos em Manhathan. Isso fez nossa vida mais fácil porque trabalhamos e estudamos nos primeiros anos usando essa facilidade. Eu trabalhei em construção e fazendo festas enquanto a Nana trabalhava na Macys, McDonald’s e fazia faculdade para se tornar enfermeira. Assim que Nana terminou o curso, fiz a faculdade de Forensic Science no John Jay College. A Nana trabalha num hospital desde 2008 e eu trabalhei em um grande laboratório. Agora estou na clínica médica em Long Island.
Como foi a adaptação?
O maior obstáculo foi o idioma. Eu não falava inglês, então a minha comunicação era restrita. Mas muito rápido a gente se vira e nos primeiros seis meses eu já estava falando mesmo sem ir para escola. Eu me sinto sortudo porque em Nova Iorque o transporte é muito bom e eu não tive que ter carro por anos. Os dois primeiros anos que eu estava em processo de naturalização não pude viajar para fora e em alguns dias questionei nossa mudança. Mas no fim dos dois anos a adaptação tinha sido completa.
Muitas curiosidades?
A transição de esportes! Eu acostumado com futebol. Logo no primeiro mês eu me achava expert em hóquei no gelo e futebol americano. Continuo me adaptando aos esportes de inverno, coisa que deveria ter começado quando criança.
Qual seu olhar para o Brasil e Jundiaí hoje? Muda a forma como se pensa a terra natal quando se está muito tempo fora?
Eu acredito muito no Brasil. Não consigo julgar a ‘nova direção’ do país, estou torcendo muito para a nova administração mesmo discordando de muitas posições que transpareceram durante as eleições. O novo presidente do Brasil começou um novo governo em uma nova era em que o rompimento do movimento de globalização pode apresentar muitas oportunidades. Jundiaí de hoje é muito maior e populosa. O Distrito Industrial é muito forte e acredito que só vai melhorar. O Parque da Cidade é lindo, o aeroporto pode ajudar no crescimento da cidade. Jundiaí sempre será minha cidade predileta. Eu amo Jundiaí e quero que todo jndiaiense tenha as mesmas mordomias que eu tive crescendo aí. A serra é maravilhosa, temos escolas boas, hospitais bons. Eu reconheço problemas no trânsito e segurança. Mas também vi novas avenidas nascendo como a Ferroviários e outras cortando a cidade e dando novas opções. A criação do terminais centralizados de ônibus. Para mim é difícil não ver Jundiaí como promessa de futuro melhor.
Chegou a arrumar as malas e pensar em voltar?
No primeiro ano eu pensei em voltar, mas só como pensamento. Nunca comprei passagem. Não que eu achasse que não me adaptaria. Era mais um pensamento do porquê escolhi estar em um país que não era o que eu conhecia, longe de família e amigos. Não tínhamos problemas financeiros ou de saúde que nos forçava a nos manter aqui mas tudo funcionou muito bem que ficar nos Estados Unidos foi consequência.
As pessoas respeitam os brasileiros?
Difícil falar. Que nos levam a sério eu tenho certeza. Agora se nóss levamos as coisas a sério… Na escola todo brasileiro que eu conheci estava entre os melhores alunos da classe. No trabalho conheci um brasileiro que eu tinha uma atividade extra para cobrir o que não era feito. Mas normalmente brasileiro é considerado trabalhador bom e limpo. Já em relacionamentos amorosos, o brasileiro é visto como complicado mas eu não sou um especialista…
Teve vergonha de dizer que é brasileiro em algum momento?
Eu tinha um pouco de restrição quando me perguntavam sobre a presidenta Dilma. Mas eu tenho muito orgulho de ser brasileiro. Eu moro em um bairro de muita presença grega, que gostam de futebol. Então, os jogadores de futebol brasileiro sempre foram motivo de orgulho. Conhecer o Guga, o melhor jogador de tênis no mundo, em 2000, na casa de amigos me dá muito orgulho. Conheci o trabalho de Sergio Vieira de Mello, comprei DVDs da ONU para dar para amigos próximos. Encantei amigos com o Jazz Brasileiro e tive a honra de treinar Brazilian Jiu Jitsu com John Dannaher, na academia do Renzo Gracie.
Você diz que é de Jundiaí, uma cidade do interior de São Paulo…
Quando me perguntam sobre nossa cidade eu volto para minha infância e o paraíso que foi crescer em Jundiaí. Ver um tamanduá-bandeira no Colégio Agrícola, cachoeiras por toda serra, curtir no Clube Jundiaiense, os domingos no Grêmio. É difícil para outras pessoas entenderem que podíamos fazer coisas proibidas hoje. Como beber ainda menor de idade, viajar sem destino. É quase unânime a vontade do norte-americano em conhecer o Brasil e os muitos que conhecem não fazem comentários negativos.
Já encontrou outros jundiaienses por aí?
Sim. Em Nova Iorque encontramos muitos jundiaienses. O mais recente da turma é o Thiago Carneirinho, grande atleta, preparador físico das estrelas do cinema, o Thiago trabalha com um amigo jundiaiense também, o Thiago Ferraguti Passos. A galera de Jundiaí é uma “irmandade”. E os amigos de Jundiaí estão sempre por aqui curtindo a cidade.
Um dia seremos iguais, atingiremos o mesmo nível, que os americanos?
Sim! O novo presidente tem uma oportunidade única, está ocorrendo uma fratura nas alianças mundiais e o Brasil pode tomar proveito da situação e rapidamente voltar a ter uma representação mundial mais digna. Temos tentar manter as vitórias nos campos sociais e de igualdade jurídica a todos brasileiros. E construir o que não temos. O Brasil não tem furacões, terremotos ou tsunamis que causam perdas de vida e valores financeiros. O maiores problemas são as administrações ruins. Nos anos 70, morar em Nova Iorque era bem diferente. Tinha muita violência e estava faltando oportunidades. Hoje é uma cidade segura que oferece chance a todos. Sim, o Brasil vai ser um país que merece ser.
Pretende voltar?
Não acredito que voltaremos ate depois de ajudar nossos filhos cuidarem dos filhos deles. É muito difícil não ter alguém ajudando. Nós estamos muito conectados à cidade e à sociedade. A gente construiu muito para voltar agora. As crianças têm muitos amigos. Mas isso não quer dizer que eu não gostaria de ir para casa um dia.
O que Jundiaí poderia ‘importar’ do seu atual endereço?
Eu importaria o metrô para Jundiaí, faria uma conexão expressa com carros de metrô novos. Faria uma linha com paradas locais e uma segunda linha expressa saindo de Jundiaí e parando só em São Paulo. Tem de chegar em São Paulo em menos de 30 minutos. Isso dá tempo para escutar um podcast durante a viagem. Conectar Jundiaí a São Paulo e se possível Campinas por novas linhas ferroviárias com velocidades mais elevadas e de forma direta. Isso abriria o mercado de trabalho para todo jundiaiense. Todo mundo poder escolher ir para o parque do Ibirapuera e pegar o metrô em Jundiaí e sem multa ou pedágios chegar ao destino em uma hora.
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