SÓ NOS SITES

Relatei aqui, nem faz muito tempo, a dificuldade de comprar qualquer coisa em uma loja física. Achei que era só no setor de eletrônicos, mas observo que a prática é generalizada. É comum o vendedor sugerir, às vezes insistir, para que a compra seja feita pelo site no qual se poderá encontrar mais números e modelos do artigo que se procura. Utiliza desta prática, cada vez mais comum, sem se dar conta no “tiro no pé” que isto significa, pois se as compras forem feitas só pelos sites as lojas reduzirão seu pessoal e muitos empregos desaparecerão. Se parece cômodo se livrar do cliente empurrando-o para uma compra eletrônica as conseqüências disso para o próprio vendedor são sombrias.

Este fenômeno não se restringe às compras. Pode ser observado de forma crescente em todos os relacionamentos com bancos, órgãos públicos e de serviços, além de empresas de todos os tamanhos. É cada vez mais difícil ligar para algum lugar e ser atendido por uma pessoa. Normalmente é uma máquina a oferecer opções nem sempre correspondentes ao que se quer saber ou fazer. É a TI (tecnologia da informação), área em franca expansão, determinando como devem ser as relações entre as pessoas, infelizmente sob o ponto de vista do especialista ou técnico em TI.

Basta tentar seguir as instruções de um manual, que normalmente são escritos por um especialista no produto sem nenhuma preocupação didática, para perceber a tirania dessa prática. Ser didático é colocar-se no lugar de quem vai usar e atender todas as suas possíveis dúvidas, sobretudo sem pressupor um conhecimento prévio do assunto que os usuários normalmente não têm. Estranhamente o princípio é muito simples: se você não consegue instalar e fazer funcionar um produto lendo o manual a culpa nunca é de quem o escreveu é sempre de quem supostamente não sabe ler. O mesmo se aplica aos acessos aos sites ou aplicativos sempre protegidos por senhas e impondo que se faça um “login” como se isto já fizesse parte dos conhecimentos do usuário.

Para o especialista trata-se de tarefa de baixa complexidade, pois está absolutamente habituado a isso. Entretanto, para a maioria dos mortais, é uma tarefa muitas vezes impossível, uma vez que o sistema é desenhado a partir de uma lógica determinada que não encontra significação cognitiva nos referenciais dos que pretendem utilizar algum serviço, muitas vezes nem seguindo as instruções. Esta é uma realidade com a qual teremos que conviver graças ao avanço das tecnologias e a insensibilidade daqueles que as programam os sites.

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Nada contra os especialistas, muito menos os de TI, afinal são contratados essencialmente para isto, entretanto, do ponto de vista do consumidor, o que inicialmente deveria servir para melhorar as nossas vidas talvez as esteja deixando mais complicadas. Todos gostamos do conforto que a tecnologia nos trás, mas, certamente, desejaríamos que o acesso a elas fosse mais fácil, didático e amigável.

FERNANDO LEME DO PRADO

É educador

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