CONCEITOS EDUCACIONAIS

conceitos

Quando uma palavra tem vários sentidos dizemos que ela é polissêmica. Assim, muitas vezes temos que tomar cuidado ao falar ou escrever, pois, nem sempre, quem recebe a mensagem entende adequadamente o significado do que estamos dizendo. Isto pode ser feito de forma intencional ou não, mas o que se observa para além da polissemia é que muitas vezes isto está associado a uma questão de conceitos.

Me chama a atenção, sobretudo em termos recentes, o uso da expressão: “ensino híbrido” e fico me perguntando o que seria isso. A legislação educacional brasileira só contempla duas modalidades de ensino: a presencial e à distância. Não prevê nem “ensino híbrido”, muito menos “semi-presencial”, mas é comum nos depararmos com estes termos sendo utilizados para expressar um conjunto de atividades supostamente combinando diferentes modalidades.

O incômodo ocorre, possivelmente por um excesso acadêmico, uma vez que é indispensável toda atenção com os conceitos que fundamentam qualquer trabalho escolar, de um simples TCC ou projeto de disciplina, até uma tese de doutorado, pois os erros conceituais podem comprometer quaisquer resultados independentemente do rigor científico adotado na pesquisa ou na redação. Se os princípios são inválidos tudo o que se faz a partir deles também o são.

Se por “ensino híbrido” estamos propondo um método que combine diferentes tecnologias e metodologias a expressão correta seria “educação híbrida” muito bem definida pela Associação Nacional de Educação Básica Híbrida que propõe um conjunto de atividades educacionais combinadas com foco na aprendizagem. Se, no entanto, estamos falando de estratégias ou mecanismos, notadamente os digitais, incorporados a aulas tradicionais divorciados de uma ou mais metodologias ativas, sem nenhuma preocupação com a aprendizagem, então o termo parece ainda mais inadequado.

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Não tenho verdades absolutas e aceito, de bom grado, novas idéias, pois tenho sido um permanente questionador do tradicionalismo e do instrucionismo propondo, inclusive, novos paradigmas para nossa educação transferindo o foco do ensino para a aprendizagem e um novo papel para o professor como mediador do processo educativo. Isto se deve a outro conceito: processos de ensino e processos de aprendizagem são absolutamente independentes e não há um nexo causal definido entre eles. Falar em processo ensino-aprendizagem é cometer um grave erro conceitual.

Assim, falar em ensino sem falar em aprendizagem como se esta decorresse daquele implica em um processo educativo absolutamente incompleto. Cabe, pois, retomar a pergunta: ”o que é ensino híbrido”?(Foto: Álvaro Henrique/Secretaria de Educação do DF/Agência Brasil)

FERNANDO LEME DO PRADO

É educador

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