Apesar das citações abaixo, não, eu não sou um dos milhares fãs da Anita, mas confesso que paro nessa música dela e me ponho a analisar cada momento da Vida, cada episódio que aconteceu e cada versão que me é passada por quem está envolvido no contexto. Também não sou dos que acham que está sempre tudo bem. Percebo e tenho a noção real de que está tudo muito ruim. Porém, numa olhada ampliada, até posso me render e acreditar que tudo ficará bem, um dia….
Eu posso não saber de tudo/ Melhor às vezes nem saber
Mas uma coisa eu sei, ninguém vai te dizer
Amigo, amar alguém a fundo
É coisa séria de querer/ Cuide de quem te quer e cuide de você
Fico remoendo alguns fatos e algumas decisões, as vezes me vejo arrependido por ter sido tão duro, outras me mortifico por ter sido tão elástico e permissivo, porém uma coisa tenho bem certo: sempre dependerá de quem são os outros envolvidos no contexto.
Em momento algum me questiono sobre a leveza do ato ou do julgamento, se estou alinhando algo com amigos queridos. Em outras me puno por ter aberto tanto espaço a alguém que somente aproveitou da amizade para sacanear e tripudiar comigo e com a situação. Isso me fere e me faz arrepender de haver dado espaço e permitido tamanha liberdade e falta de reconhecimento de minha amizade ou coisa semelhante.
Ao desconhecido ou ao sujeito de atitudes dúbias, já conhecido, não dou chances de tentar crescer na minha sombra: mostro logo os dentes e não me envergonho por ser tão direto e tão objetivo. Nunca gostei de ser rodeado por uma multidão de falsos e nunca me vi apaparicado por pessoas que não houvessem caminhado parte do meu caminho: perspectiva de vida que mantenho firme desde a adolescência.
Esta postura me livra de muitas encrencas, tanto das situacionais (emprestar dinheiro, envolver-me em fofocas, estar no meio de uma briga conjugal, servir de testemunha em casos duvidosos, etc) como das encrencas personais (pessoas fingidas, melosas, descompromissadas, desavisadas, dúbias [fui sútil, hem?], traiçoeiras) o que não significa que me saia bem sempre e nunca vacile diante de uma situação que me chega de surpresa!!!
Muito verdadeiro isso tudo e muito passional, ainda que me desgaste e me tire do eixo, mas o equilíbrio existe para isso: ser testado a cada passo, como tanto comento do andar do bêbado. Pior é o fato de me ver enredado numa cilada da qual não participei e tão pouco me coloquei a disposição.
Melhor fazer valer a pena/ E é bem melhor se conhecer
Nas coisas do amor convém pagar pra ver
E fica tudo bem/ Fica, fica, fica tudo bem
Cansa-me quando sou levado a opinar ou a testemunhar coisas que não me envolvem e nem me pertencem, porque mal tenho tempo saudável para mim. Com tantas coisas por fazer, nos mais diversos lugares, por que deveria me envolver com o que não me pertence? Entretanto vejo que gostam de enredar aqueles que me circundam suas intensões, de modo a querer adeptos e protetores para aquilo que não merece mais do que cinco minutos de fala e de dedicação, antes do esquecimento total. Mas acontece, com frequência maior do que eu gostaria.
Caso seja pego desprevenido, emito meu ponto de vista, ainda que entenda que não é o que perguntam, mas sou fiel aos meus princípios e busco não me machucar demais, falando sobre algo que não me pertence. Tento ser o mais objetivo possível, dando meu ponto de vista e não ampliando as perspectivas, para encerrar logo a demanda. Sim, às vezes dá errado e acontece o desfecho desagradável de sempre, com pessoas insatisfeitas e aborrecidas pelo meu ponto de vista. Lamento.
Aprendi que mais vale primeiro anunciar que é o “meu ponto de vista” e que ele não deve ser soberano, como ainda acredito ser preciso esclarecer que sempre é bom olhar para o assunto em questão de diversos ângulos, o que sugere mais visões e mais chances de acertos. Percebo, desta forma, que os atritos diminuem e a possibilidade de fluir em paz, na minha própria Vida e avançar sem invadir a Vida alheia me te feito muito bem: cada um cuida das suas tartaruguinhas e já está bom demais, atitude que vale para colegas, parceiros, amigos e demais pessoas do meu círculo social.
Tente não se arrepender/ Vai ser difícil amar alguém sem se querer
Melhor fazer valer a pena
Tentando trabalhar com um autocontrole infinito (que me tira o fôlego e me inquieta, até), tenho meus vacilos e meus deslizes (e como os tenho!!!) que me desequilibram e possibilitam ter a visão de 360 graus, em queda livre. Tal situação invade minha privacidade e me custa horas de sono e de desassossego. Mas é uma enorme e gratificante experiência de Vida, que só se aprende vivendo. Aliás a Vida não vem em “DVDs” nem em pen drives, a Vida tem que ser vivida e só. O legal é que quanto mais se vive, mais se tem por viver, porque as experiências vão se refazendo, se renovando e trazendo o novo, o inusitado para nossa frente, para nosso enfrentamento.
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SUPERAR NOSSOS LIMITES E CRENÇAS
Por que viver demanda muitos enfrentamentos e muitas dúvidas: agora é isto ou aquilo? Ou será aquilo outro? E no campo afetivo? Como ter certeza absoluta de que é esta pessoa ou aquela outra? Como resolver tal dilema? Uma coisa é certa: devemos ter por perto quem nos faça bem e quem nos queira bem, sem mentiras, sem enganações e sem palavras vazias. No campo afetivo devemos escolher pessoas de atitude…(Foto: cena do filme ‘Cantando na Chuva’/1952/divulgação)
Amigo, amar alguém a fundo/ É coisa séria de querer
Cuide de quem te quer e cuide de você
Que fica tudo bem/ Fica, fica, fica tudo bem

AFONSO ANTÔNIO MACHADO
É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Leciona na Faculdade de Psicologia UNIANCHIETA. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.
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