Este tempo me agrada, com exceção do barulho dos rojões. Jamais gostei. Além das festas juninas de que participava, fazíamos um ensaio delas no quintal da casa em que residia com bandeirolas de papel de seda coloridas e fogueira. O barbante amarrado da laranjeira ao abacateiro. Carrego muitas lembranças. Pipoca, paçoca, doce de abóbora caseiro e bolo de fubá eram essenciais. Ki-Suco de uva, com gosto de Grapette, ou groselha. Pouco tempo mais tarde, amava participar da organização dessas festas nas escolas em que dei aula. Ah, já havia me esquecido dos bailes juninos do Grêmio! Que espera deliciosa! Quadrilha com: “Balancê… Cumprimento das damas… Cumprimento dos cavalheiros… Túnel… Caminho da roça… Olha a chuva… Formação de caracol…” Cabelo com maria-chiquinha e muitas fitas.
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E as músicas?! “Capelinha de melão/é de São João./ É de cravo, é de rosa, é de manjericão. (…) O céu é tão lindo e a noite é tão boa. / São João, São João!/ Acende a fogueira do meu coração. (…) Pula a fogueira, Iaiá,/ pula a fogueira, Ioiô,/ Cuidado para não se queimar. (…) Eu pedi numa oração/ ao querido São João/ que me desse o matrimônio,/ São João disse que não!/ São João disse que não!/ Isto é lá com Santo Antônio”. E aque meus pais sempre cantavam, de Lamartine Babo – e a mamãe continua cantando: “Chegou a hora da fogueira!/ É noite de São João…/ O céu fica todo iluminado/ Fica o céu todo estrelado…”
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Um dia desses, entrei em uma padaria e me encantei com maçã de amor, pamonha, curau, canjica… Recordei-me de que, em uma festa junina escolar – era pré-adolescente, encontrei escrito em uma barraca “cangica”, mas estava meio separado o círculo do g da parte abaixo. Li “canoica”. Fiquei muito curiosa sobre o que seria. Pedi uma ficha de “canoica” no caixa. Somente risada de deboche pelo atendente, mas saí vitoriosa ao explicar a grafia correta.
Algumas festas são para sempre, porque permanecem na memória do coração.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de vulnerabilidade social.