Relações humanas são COMPLICADAS demais…

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As relações humanas, com toda a sua complexidade, é marcada por momentos de contribuição, acolhimento e lealdade, elementos que idealmente devem ser os pilares que sustentam qualquer vínculo. No entanto, nem sempre isso ocorre de forma fluida e harmoniosa. As relações, muitas vezes, se tornam tóxicas quando esses pilares se quebram ou se distorcem, afetando profundamente os envolvidos.

A contribuição, o acolhimento e a lealdade, em um cenário negativo, podem se tornar ilusões, facilmente corrompidas pela falta de empatia, insegurança e desconfiança. A amizade, a relação entre pais e filhos, o ambiente escolar e o contexto profissional, todos esses âmbitos, em sua forma mais difícil, ilustram como a toxicidade se insinua e transforma as boas intenções em uma constante luta por reconhecimento, compreensão e apoio.

Na amizade, a contribuição de um amigo para a vida do outro deveria ser um reflexo de apoio mútuo. Um amigo é aquele que contribui com palavras de encorajamento, gestos de carinho e, acima de tudo, compreensão. No entanto, quando a amizade se torna tóxica, a contribuição se transforma em algo mais superficial, interesseiro ou, pior, egoísta.

O medo de ser explorado, a falta de confiança mútua ou a competição velada começam a corroer a ideia de que a amizade é um campo de troca generosa. Quando um amigo começa a ver o outro como uma fonte de validação pessoal, ou quando a troca de favores e apoio se torna uma dívida emocional, a relação já não é mais uma amizade saudável, mas sim um campo de manipulação. A lealdade, um valor fundamental entre amigos, também se perde nesse cenário.

A busca por interesses próprios pode fazer com que a lealdade se transforme em algo volúvel, uma lealdade condicional, que se mantém apenas enquanto as necessidades de um dos lados são atendidas. No final, a amizade se torna uma rede frágil, onde a contribuição e a lealdade são raras, e o acolhimento, que deveria ser incondicional, se torna um jogo de cobranças e insatisfações.

Entre pais e filhos, as relações deveriam ser um espaço de acolhimento genuíno e lealdade incondicional. Os pais, por sua vez, esperam ver nos filhos a continuidade de seus valores e ideais, buscando oferecer a eles o melhor da sua experiência de vida. Os filhos, por outro lado, buscam a aceitação e o entendimento dos pais, desejando se sentir amados e compreendidos.

No entanto, quando a relação se torna tóxica, a contribuição de um para o outro se torna manipuladora, a lealdade, condicional, e o acolhimento, uma obrigação sem afeto. Pais que tentam impor seus sonhos e expectativas nos filhos, sem se importar com seus desejos, contribuem mais com frustrações do que com apoio genuíno.

A lealdade, nesse contexto, se transforma em uma pressão constante para atender a esses ideais, em vez de ser um espaço de respeito mútuo. Os filhos, por sua vez, podem se sentir presos e desconectados, pois a lealdade que esperam dos pais muitas vezes é distorcida por cobranças implacáveis e falta de compreensão. As relações entre pais e filhos se tornam um campo de batalha emocional, onde ambos os lados se sentem incompletos e insatisfeitos.

O acolhimento se perde na necessidade de atender a padrões e expectativas, deixando de ser um espaço seguro para se tornar uma área de constante cobrança. No contexto escolar, a relação entre professores e alunos deveria ser um exemplo claro de acolhimento e contribuição.

O professor, com seu conhecimento e experiência, deveria estar ali para ajudar o aluno a crescer, a descobrir o mundo, a ampliar seus horizontes. O aluno, por sua vez, busca compreensão e apoio para sua jornada de aprendizado, desejando ser visto e respeitado como indivíduo. Contudo, em um ambiente tóxico, a contribuição do professor se transforma em um instrumento de controle e avaliação severa, enquanto o acolhimento se ressignifica em um processo de julgamento constante.

Os professores, muitas vezes, se veem pressionados pelo sistema, pela administração escolar ou pela necessidade de se afirmar em sua autoridade, e acabam negligenciando a dimensão emocional do ensino. A relação, que deveria ser baseada no incentivo ao crescimento intelectual e pessoal, se transforma em um processo desumanizado, onde o aluno é visto apenas como mais um número, mais uma nota a ser dada.

A lealdade do aluno ao processo educativo se dissolve à medida que ele se sente descartável, sem voz nem espaço para sua individualidade. O acolhimento do professor deixa de ser uma prática de empatia, e passa a ser apenas uma obrigação mecânica, ligada ao cumprimento de seu dever, sem se importar com as reais necessidades emocionais e intelectuais dos alunos.

Em uma organização de trabalho, a relação entre chefes e liderados deveria ser um exemplo de contribuição mútua, lealdade e acolhimento. O chefe, com sua experiência, deveria contribuir para o desenvolvimento de seus subordinados, proporcionando um ambiente onde a criatividade e o crescimento profissional pudessem prosperar.

O liderado, por sua vez, deveria buscar, com sua dedicação, fazer parte de um time coeso e produtivo, respeitando e contribuindo para os objetivos da empresa. Contudo, quando a relação se torna tóxica, a contribuição é distorcida em um jogo de manipulação e interesses individuais. O chefe, muitas vezes, deixa de ser um mentor para se transformar em um tirano ou em um líder ausente, que apenas impõe regras sem se importar com o desenvolvimento real de seus subordinados.

A lealdade no ambiente de trabalho se torna uma moeda de troca, uma lealdade exigida sem reciprocidade, onde os liderados são pressionados a entregar resultados a qualquer custo, sem a devida valorização de seus esforços. O acolhimento, que deveria ser uma prática de apoio e reconhecimento, se perde em uma cultura de competitividade agressiva e falta de diálogo.

O ambiente se torna tóxico, onde a lealdade cega ao chefe e à empresa é exigida, mas sem qualquer tipo de consideração pela saúde emocional e pelo bem-estar dos trabalhadores. Nos quatro cenários — amizades, relações familiares, ambiente escolar e ambiente de trabalho — a contribuição, o acolhimento e a lealdade, quando distorcidos, transformam-se em armas de manipulação e controle.

O que poderia ser um espaço de crescimento mútuo, respeito e empatia se transforma em um jogo de poder e inseguranças. O acolhimento genuíno se dissolve, dando lugar à indiferença ou à pressão constante. A lealdade, que deveria ser algo natural e incondicional, passa a ser algo que se exige em troca de favores e vantagens pessoais. A contribuição, que deveria ser generosa e espontânea, se transforma em um processo de barganha, onde cada ato é analisado com desconfiança e interesse.

O reflexo dessa toxicidade nas relações humanas é claro: cada pessoa se sente isolada, desvalorizada e constantemente em dúvida sobre suas próprias motivações e as dos outros. Quando a contribuição, o acolhimento e a lealdade são corrompidos, as relações se tornam fracas e vazias, e o que poderia ser uma fonte de força, apoio e crescimento acaba se tornando um fardo emocional.

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No entanto, é possível resgatar essas qualidades em uma relação, se houver disposição para a sinceridade, para a reconstrução da confiança e para o respeito mútuo. A transformação de uma relação tóxica em algo saudável exige um esforço coletivo, onde cada parte envolvida reconhece suas falhas, mas também suas responsabilidades em restaurar a harmonia.

Em última instância, a verdadeira contribuição, acolhimento e lealdade são construídos na vulnerabilidade e na capacidade de aceitar o outro como ele é, sem julgamentos ou expectativas distorcidas.(Foto: Kindel Media/Pexels)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

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