Durante muitas décadas foi rotina na nossa família passarmos os finais de semana em Campo Limpo Paulista, mais precisamente no bairro Figueira Branca, onde tínhamos uma chácara. E por lá passavam cães e gatos das chácaras vizinhas, atraídos pelo cheiro dos churrascos e, também, pela festa que minhas filhas, eu e meu marido fazíamos com esses “visitantes”. Mas um cachorrinho em particular se tornou o xodó da casa, pela assiduidade e simpatia. Um puro sangue caramelo, de perninhas curtas e musculosas e dentinhos arreganhados, como um sorriso, que praticamente chegava junto com a gente e só ia embora quando fechávamos o portão, no retorno para Jundiaí. Baunilho era o nome do cachorro e só fiquei sabendo que ele partiu para o andar de cima na semana passada.
Essa notícia me pegou de surpresa, confesso. Baunilho era e sempre será um querido. Quem acompanha meus textos na página do Jundiaí Agora conhece sua história, que eu contei no artigo “O vira-lata caramelo que veio para o almoço”, publicado em outubro de 2021. Em 2022 vendemos o chácara e praticamente deixamos de ir pra a Figueira. Vez ou outra conversávamos com conhecidos e sempre perguntávamos do Baunilho. Creio que depois da nossa partida, ele pouco ia à chácara. Já estava velhinho.
Na semana passada, no retorno de um passeio pela região de Campo Limpo, meu marido e eu resolvemos “matar a saudade” dos bons tempos da Figueira Branca e refizemos o mesmo caminho que fazíamos todos os finais de semana. Minha expectativa, claro, era encontrar Baunilho perambulando pelas estradas de terra. Fui o tempo inteiro falando nisso.
Passamos pela nossa antiga chácara, que está bem cuidada pelos novos proprietários, mas nada do cachorro caramelo e aí eu fui ficando apreensiva. Será que aconteceu alguma coisa com o coitadinho? Não tive dúvida e disse pro meu marido: não podemos voltar sem saber o que aconteceu com o bichinho, vamos até a casa dele!
Seguimos em frente mais alguns metros e lá chegamos. Por sorte, no portão já estava a verdadeira dona do Baunilho. Lembrei a ela quem eu era e perguntei pelo cãozinho. Ouvi o que não queria: meu querido Baunilho morreu o ano passado. Ficou doente e não resistiu. Veio um nó na minha garganta.
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Baunilho sempre foi muito bem cuidado, tenho certeza de que teve todos os atendimentos necessários, mas sua missão na terra chegou ao fim. Conversando com a senhora, ela contou que nos finais de semana Baunilho (cujo nome oficial era Bauner) ficava esperando a gente chegar, sentado no lugar mais alto da sua chácara. Quando avistava o nosso carro, saia em disparada para nos encontrar. “Como ele gostava de vocês…”, disse a mulher.
O retorno pra casa, depois da notícia, foi silencioso. Fiquei triste, mas sei que Baunilho curtiu a vida adoidado. Corria pelas chácaras, se enfiava o mato, caçava, brigava com outros cães, namorava (imagino quantos Baunilinhos devem existir pela Figueira). Foi um cachorro feliz.
VÂNIA ROSÃO
Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.
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