Em qual BLOCO você brincou o Carnaval???

bloco

Quem pensa que os blocos de carnaval de Jundiaí surgiram nos últimos anos está redondamente enganado. O registro mais antigo do ‘Jundiaí Antiga em Fatos, Fotos e Versões’, do professor Maurício Ferreira, é de 1950, com o Bloco da Ponte. Como antes disso máquinas fotográficas eram coisa de gente rica, muita folia deve ter ficado apenas nas lembranças dos mais antigos. Hoje, os blocos pipocam em todos cantos da cidade. Mas a cronologia carnavalesca da cidade aponta para o Bloco da Ponte como o avô de todos. Depois veio o Estamos na Nossa que pode ser considerado o pai do Refogado do Sandi(foto principal de 1994 e abaixo). A garotada que vai aos blocos de hoje precisa saber que devem muito a dois foliões eternos: o ex-vereador Erazê Martinho e o colunista social Picôco Bárbaro, ambos já falecidos.

Pra começar, o hoje mais tradicional e antigo dos blocos da cidade não se chama Refogados do Sandi, ok? É Refogado, no singular. O nome é uma homenagem a uma lanchonete da rua Bom Jesus de Pirapora, como mostra a foto acima com Dago Azzoni, Rita Rodrigues, Erazê Martinho, Picôco Bárbaro. Osiris D’Angieri, Lolô Arruda e Oswaldo Bárbaro. Esta foto foi publicada no livro ‘Viva a Vida’, de Picôco. O Refogado foi fundado pelo ex-vereador Erazê, também já falecido. O trajeto do bloco sempre foi feito no Centro Histórico de Jundiaí. A concentração acontece em frente ao Gabinete de Leitura Ruy Barbosa, que fechou as portas no ano passado. O Refogado do Sandi festeja desde a década de 1990.

Voltando no tempo: A imagem de 1986 mostra o ‘esquenta’ do Bloco Banda da Ponte

Acima, a foto de 1978 é de Wagner Timoteo de Mamede e mostra o Bloco Estamos na Nossa, da Ponte São João. Na década seguinte, os foliões subiam o viaduto, a rua Dr. Torres Neves e tomavam conta do centro, levando a folia às ruas Barão e Rosário.

Picôco e a história do Estamos na Nossa Em fevereiro de 2021, o JundiAqui, do jornalista Edu Cerioni, publicou texto sobre o Estamos na Nossa, de autoria de Picoco Barbaro, que começa assim: Foi em 1968 ou 1969? Foi depois do AI-5 com certeza. Era tudo proibido, vigiado e delatado. Na Ponte São João, bairro tradicionalmente líder de reivindicações trabalhistas, fomentador de greves, um grupo de jovens proclamou um novo grito de guerra: Viva a Folia. Do Bar do Ênio Baialuna surgia o ‘Estamos na Nossa’.

Mambembe, batucada macarrônica, vestes despojadas, na verdade aos trapos, sem cordão de isolamento, sem batedores a abrir espaço, Norival Roberto Sutti desceu da Ponte do alto para a Ponte de baixo, pela Avenida São João. À frente uma rainha, uma porta bandeira tendo braços abertos como estandarte: Dagmar Fortes. Nunca mais o Carnaval jundiaiense foi o mesmo. Estava aberta a era do escracho, da irreverência, do deboche na contra mão da ordem de serviço militar. Ninguém perfilava, ninguém dava ordem e ninguém obedecia: cada um na sua e todos na nossa. Por uns dois anos só no bairro. Depois, arruaça a desafiar cronograma do Carnaval Oficial.

Picôco revela como o bloco chegou ao centro: Um ano cantou-se “Vai Passar” do Chico Buarque. Depois veio a época de ouro das composições de Erazê Martinho, uma exclusividade para o Estamos na Nossa e das quais a Banda da Ponte se aproveitou. Sim, porque nos 1980 foi criado o primeiro desfile de rua independente pelo mesmo grupo do Estamos. Desfilava na Ponte e ia até o Centro: tudo e todos a pé, à exceção da Bandinha do Carlitos que ia de trenzinho. Erazê Martinho compunha marchinhas carnavalescas tipo as de Lamartini Babo com igual genialidade. Zé Danon fazia a partitura e Cacilda Romero cantava para a bandinha de sopro tocar. Os temas do Estamos e da Banda: se a forma era de relaxo bem racional, o conteúdo era emocionalmente histórico.

Na vila Helena também tinha Carnaval de rua. A foto é da década de 1960(arquivo José Canhoelo)

Carnaval nos anos 1950: Bloco da Ponte passando pelo Viaduto São João Batista novinho em folha

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