A interminável NOVELA do Ensino Médio

ensino médio

Parece não ter fim a regulação do “novo” Ensino Médio. Passando de mão em mão no Congresso e no Senado com interferências das mais diversas ordens e interesses. Aprovado inicialmente em 2017, ainda no governo Michel Temer, propunha uma série de mudanças para acompanhar o que se fazia de melhor nesta etapa dos processos educativos nos países desenvolvidos, tentando sair das últimas posições nos rankings internacionais. Sua implantação passou por vários acidentes e até sua revogação foi proposta, mas depois de muita tramitação foi finalmente aprovado na Câmara deve ser implementado até 2027.

O Brasil é um país de múltiplas realidades, assim o regramento generalizado, inevitavelmente, apresenta distorções de toda ordem das quais se aproveitam aqueles que não tiveram suas propostas atendidas quando das discussões iniciais sobre a reforma e insistentemente tentam retomá-la. Os itinerários formativos foram o principal aspecto negativo, pois inúmeras escolas, sobretudo as públicas, não souberam ou não puderam implantá-los adequadamente.

O ponto principal relacionado ao Ensino Médio ainda é a carga horária. Aqueles que acreditam na falácia de que mais tempo na escola significa mais aprendizagem querem impor um tempo maior dentro da escola como se isto pudesse resolver a enorme distância entre o desempenho de nossos estudantes e o de estudantes de outros países como revelado pelo PISA um programa internacional de avaliação de alunos. Na realidade nossa principal defasagem é metodológica. Não trabalhamos o processo educativo com foco na aprendizagem apenas na retenção de conteúdo. Ainda estamos focados no ensino tradicional com professores que se preocupam em repetir conteúdos em monótonas aulas expositivas. Assim, se não for para aprender mais de que adianta ficar mais tempo na escola?

Dentre muitos aspectos, chama atenção a péssima avaliação da criatividade dos alunos brasileiros. Parece paradoxal imaginar que um povo reconhecidamente criativo não apresente isto evidenciado nas avaliações escolares internacionais. Será que nosso modelo de escola está reprimindo esta característica tupiniquim?

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Neste cenário de grandes incertezas o texto aprovado apresenta pontos absolutamente obscuros como: o ensino noturno; as relações entre o ensino técnico e suas perspectivas no ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio; os itinerários formativos a serem regulamentados pelo Conselho Nacional de Educação e pelos estados; o uso da educação a distância, entre outros. Apenas para se ter ideia das “nebulosidades” cabe perguntar: o ensino noturno, que está mantido, devendo cumprir 3 mil horas obrigatórias, ou seja, cinco horas diárias, seria oferecido em quais horários?

Caminhamos para uma educação híbrida desvinculada de espaços e tempos usando todos os recursos tecnológicos disponíveis, mas parece que os reguladores que provavelmente saíram de escola há muito tempo, mas ainda interiorizam seus modelos, não sabem disso.(Foto: Arquivo Agência Brasil)

FERNANDO LEME DO PRADO

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