No Festival de Cinema de Berlim, que termina no próximo domingo(25), os curtas brasileiros têm linguagem diferenciada. É o caso de Lapso e Quebrante.
No primeiro, enquanto Bel (Beatriz Oliveira), deficiente auditiva, busca outras formas para se expressar, Juliano (Juan Queiroz) costuma gravar áudios como uma espécie de diário para registrar seu dia a dia.
Ambos são jovens da periferia e moram em Belo Horizonte, onde se encontram por acaso ao cumprirem horas de trabalho socioeducativo em uma biblioteca por terem cometido vandalismo. Os dois são os principais personagens de Lapso(foto), que tem 25 minutos de duração.
Ela, que adora skate e desenhar, não escuta a sirene da polícia ao pichar um vidro. Ele adora música rap e se apaixona rapidamente pela garota, se obrigando a aprender libras, a língua dos sinais, para poder se comunicar com ela.
Entre encontros e desencontros do enredo desenvolvido com muita sensibilidade, humor e metáforas, eles se aproximam cada vez mais e enfrentam juntos então as dificuldades do dia a dia.
Concorrendo ao prêmio da seção ‘Generation 14 Plus’, voltado ao público juvenil, da 74 ª edição do Festival de Berlim, o curta da diretora mineira Caroline Cavalcanti foi exibido em Berlim na última terça no cinema International junto com outras quatro produções concorrentes nesta categoria, mas já ganhou prêmios no Brasil.
Outras pessoas da equipe tem problemas auditivos, inclusive a diretora, que mostra ter olhar aguçado para outras formas diferenciadas de comunicação.
Diálogos com e por meio da natureza – Metáfora e arte estão também no trabalho da diretora e artista plástica Janaína Wagner, outro curta de vinte e três minutos exibidos no Festival, este na seção ‘Forum Expanded, Programm 6’.
A ideia é de um documentário sobre a Transamazônica e a professora aposentada Erismar, que se tornou a maior exploradora das cavernas da região de Rurópolis e é conhecida como “mulher das cavernas”, associados a uma linguagem artística da natureza.
Na última quarta-feira Juliana falou um pouco sobre o projeto da sala de exibição do ‘Silent Green’ lembrando inclusive a aventura que foi viajar de São Paulo para o Pará, com algumas baldeações, com o equipamento super pesado, porém frágil e caro, na mala de mão e ter de fingir que estava tudo leve como era o permitido pela companhia aérea. “E isso duas vezes”, falou em inglês, rindo.
Dificuldades a parte como a falta de energia no local, que a obrigou comprar um gerador, ela conseguiu concluir o filme e ainda torná-lo internacional ao trazê-lo para Berlim.
Além da estrada, as pedras, as cavernas e a lua, representada por uma bola gigante que é transportada por caminhão, tem uma forma de “comunicação diferenciada” na ideia artística do curta que se chama Quebrante.(Foto: Divulgação)

SANDRA MEZZALIRA GOMES
Jornalista jundiaiense em cobertura especial para o Jundiaí Agora. Mora na Alemanha há duas décadas
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