Participando de eventos educacionais constatei que há neles uma quantidade considerável de informações que justificam o pleito por mudanças na estrutura e no funcionamento dos sistemas escolarizados. Entretanto, talvez em uma postura pós-moderna, de muito criticar sem nada propor, se observa que a ênfase na crítica ou no que não está dando certo, não se repete na análise e nos estudos das eventuais soluções que se apresentam, sobretudo na formação docente.
Sem dúvida há muito que fazer e muito que mudar, pois a escola perde gradativamente espaço para todos os outros multimeios de comunicação, sobretudo a internet. Para o bem e para o mal. É comum ouvir, não só de estudantes, que se pode aprender mais na internet do que nas salas de aulas. O que é, inclusive, facilmente verificável graças a um expressivo número de sites e aplicativos com estrutura pedagógica mais eficaz do que aquela utilizada principalmente pelos professores tradicionais e conteudistas nas escolas regulares.
Se o mundo muda com enorme velocidade seria desejável que os processos educativos também mudassem, no mínimo para não caminhar para a obsolescência, pois a regulamentação escolar que assegura a escola como certificadora, em algum momento no futuro não conseguirá mais fazer frente aos novos paradigmas. A solução para isto é um professor que, aperfeiçoado ou formado, seja capaz de trabalhar com novas metodologias que privilegiem a aprendizagem significativa e o protagonismo de seus alunos.
Se me perguntarem por onde começar eu diria: pelas escolas de formação docente. Não é possível imaginar que possamos formar professores para o futuro com os métodos e os conteúdos do passado. Nossas licenciaturas, em geral, formam esse mesmo professor conteudista em um processo absolutamente tradicional que vai enfrentar uma realidade mutante para a qual os velhos modelos não mais se aplicam. Seria desejável pra fazer frente aos novos desafios que as escolas de nível superior, que formam professores, fizessem uma profunda reformulação de seus currículos e de suas propostas. Assim, em princípio, estaríamos preparando docentes para conviver com a internet, todas as tecnologias disponíveis, mas, sobretudo, com domínio sobre as metodologias ativas e a realidade de seus alunos.
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A tarefa não parece fácil, afinal muitos professores das nossas licenciaturas se encaixam no perfil que estou descrevendo como tradicionalistas e conteudistas. Assim, como esperar mudanças? Com muita coragem e determinação para progressivamente aperfeiçoarmos também estes docentes desenvolvendo uma escola de formação criativa e futurista. Se parece exagero pensar em uma escola totalmente nova, uma vez que as mudanças na educação sempre foram absurdamente lentas, não tentar é um caminho muito sombrio e de conseqüências imprevisíveis na formação de nossas crianças e jovens.(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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