Esse período natalino sempre traz muitas lembranças da nossa infância, não é mesmo? Pensamos em quem já não está mais conosco e como essas pessoas fazem falta nas reuniões de família e amigos. E na casa da minha avó (que eu já mencionei em outro artigo) o Natal começava com a montagem da árvore e a colocação, em local de destaque, da imagem em gesso do Menino Jesus. Como eu praticamente vivia na casa da Vó Phina (Josephina) era certo que eu ajudava nesta decoração. E até hoje mexer em enfeites, bolas e festões me faz um bem enorme.
Cada pingente era pendurado cuidadosamente nos galhos da árvore artificial, que já naquela época se mostravam um tanto quanto amassados pelo passar dos anos. E não podia deixar cair, afinal, eram todos feitos de vidro finíssimo, dava até medo de encostar. Ficavam guardados em caixas com separações de papelão para evitar o risco de encostar um no outro. Se isso acontecesse, era menos um enfeite na árvore. Mas o que sempre me chamava a atenção era o Menino Jesus. Uma escultura em gesso, simples, que mostrava o menininho deitado com os pés e as mãos para cima e a carinha muito feliz.
Ele era colocado próximo da arvore, sozinho, abençoando quem passasse pela sala. Não tinha Reis Magos, não tinha São José e nem a virgem Maria. Nem os cordeirinhos e vaquinhas. A imagem era solitária. Não sei se com o passar do tempo essas outras figuras próprias do presépio foram quebrando, o que seria normal numa casa com muita criança, isto é, netos.
Sempre gostei muito desta imagem do Menino Jesus, pois passava alto astral. Creio que a escultura deve ser mais velha do que eu, já que não me lembro do Natal sem a presença dela na sala da minha avó. Quando a dona Phina morreu, não vi mais a imagem. A casa foi desocupada, muita coisa se perdeu, foi doada, dividida entre os filhos.
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Anos mais tarde, Tia Alice (irmã da minha mãe já falecida) me perguntou se eu queria a imagem do Menino Jesus, que ela guardou com carinho durante décadas. Respondi que sim sem pestanejar. Hoje a pequena escultura em gesso decora a minha sala e anuncia o início dos festejos natalinos na minha família. Ela fica em frente à porta de entrada do meu apartamento, recepcionando quem chega. O Menino Jesus da minha infância continua com a carinha alegre, mas já um tanto desgastada pelo tempo. É uma imagem simples, uma escultura singela, feita em gesso, sem qualquer afetação ou refinamento. Mas pra mim está repleta de sentimento e lembranças.

VÂNIA ROSÃO
Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.
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