Cazuza faleceu trinte e dois anos atrás cantando que “o tempo não pára”. E não pára! Só o Brasil é que pára. Esta piscina cheia de ratos, cujas ideias não correspondem aos fatos e é capaz de tudo por dinheiro e poder.
Numa rara demonstração de coesão, o Senado aprovou a “PEC do Desespero”, burlando regras eleitorais para legitimar o uso de dinheiro público a bem de quem está no poder, em evidente abuso de poder político.
A medida se apoiou em um cinismo que só a política brasileira sabe produzir, afirmando-se que o país necessitaria liberar verbas para combater a miséria. Como se a fome tivesse nascido agora, às vésperas da eleição, ou como se a medida fosse, de fato, auxiliar a população carente.
Conforme anotou “O Estado de São Paulo”, em editorial no último dia 5, “os parlamentares autorizaram essa aberração jurídica motivados por uma mentira: ao contrário do que o governo diz, a PEC, destinada na prática a comprar votos para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, cria benefícios sociais para profissionais de classe média, e não para a população carente e desempregada”.
Mas não sejamos injustos. A norma deverá beneficiar não apenas o atual Presidente. Todos os partidos com representação no Senado votaram a favor da medida – não apenas a base aliada. Quando o queijo aparece, os ratos se unem. A eleição será uma grande festa e “os pobres, bem, estes continuarão pobres” – anota o mesmo editorial de “O Estado de São Paulo”.
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Assim se faz um país que não progride. E que cansa. Mas não, não esmoreçamos. Temos que continuar, mesmo que somente por raiva. Pelos que ainda estão por vir. “Grande pátria,desimportante, em nenhum instante vou te trair. Não, não vou te trair”. (Ilustração: hrsoares.blogspot.com)

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