Nesta semana comemorou-se o Dia Mundial do Meio Ambiente(5), momento de reflexão, essencial para melhoria da educação e conscientização, visando mudanças efetivas de comportamento em favor da efetiva proteção ambiental e desenvolvimento sustentável.
Com esse propósito, entre outros eventos mundo afora, na última terça-feira foi realizado evento nas dependências do Ciesp Jundiaí, por iniciativa da Santa Ângela Construtora, com apoio de outras empresas do grupo, da OAB Subseção de Jundiaí e sua Comissão de Meio Ambiente.
Na oportunidade, tive o privilégio de proferir palestra, juntamente com o Engenheiro Silvio Drezza e a veterinária Vânia Plaza Nunes, presidente da Fundação Serra do Japi, profissionais de destaque nas questões de meio ambiente, onde abordamos o tema relacionado à Ação Contra a Mudança Global do Clima, que é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (apelo global para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, criado pela ONU – Organização das Nações Unidas, através da “Agenda 2030”).
Afora as exposições realizadas pelos profissionais convidados, enfrentando aspectos práticos, técnicos e jurídicos de tão relevante tema, houve apresentação inicial de um texto por parte da advogada Mirena Ferragut Galo, uma das responsáveis pela organização do evento, que vale transcrição pelo conteúdo, beleza e profundidade:
“O Criador, então, deixou a humanidade na Terra e voltou para algum outro lugar do Cosmos. Um dia ele se lembrou de nós e disse: ‘Deixei minhas criaturas lá na Terra, preciso ver o que eles se tornaram’. Enquanto fazia seu movimento de vir até aqui nos ver, pensou: ‘E se eles tiverem se tornado algo pior do que eu posso conceber? Melhor seria não ter um encontro pessoal com eles. Vou me transformar em outra criatura para ver minhas criaturas’.
Ele então, se transformou num tamanduá e saiu pela campina. Um grupo de caçadores munidos de bordunas e laços apareceu. Avançaram sobre ele, o prenderam e levaram pro acampamento com a intenção de comê-lo. Duas crianças observaram a cena e conseguiram evitar que ele fosse levado à fogueira. O Criador, então, se revelou às crianças, que, antes que os adultos descobrissem, acobertaram sua fuga.
Do alto de uma colina, as crianças gritaram ao Criador: ´Avô, o que você achou da gente, das suas criaturas?’ E o Criador respondeu: ‘Mais ou menos’.
Esse é um conto típico do povo originário Krenak, aldeia do médio Rio Doce [contido no livro A Vida Não é Útil, de Ailton Krenak, Editora Companhia das Letras, 2020].
Talvez o povo Krenak tenha razão e não sejamos a humanidade que pensamos ser. Talvez tenhamos criado o ‘clube exclusivo da humanidade’ fazendo tudo girar ao redor do homo sapiens, tratando como sub-humanidade o ar, os rios e o mar, as baleias e os tubarões. Matamos os leões e colocamos suas peles em nossas paredes pra mostrar que somos mais bravos do que eles.
Mahatma Gandhi, Chico Mendes, Martin Luther King, Fritjof Kapra, James Lovelock, Ulrich Beck e tantos outros nomes importantes já nos alertaram:
- A terra é um organismo vivo;
- Há um efeito bumerangue que pode nos repelir dela;
- Há limites para se ter na terra.
Não estamos assistindo ao desastre climático, estamos dentro do desastre e tem sido uma experiência dolorosa.
Alguns podem pensar que é uma utopia atravessar esse deserto. Mas para que serve, então, a utopia?
Para Eduardo Galeano, ‘a utopia está no horizonte, e sabemos muito bem que nunca a alcançaremos. Se eu caminho 10 passos, ela se afasta 10 passos, quanto mais eu a busco, menos a encontrarei porque ela se afasta a medida que eu me aproximo. Então para que ela serve? Justamente para isso, para caminharmos.’
O evento geofísico da existência da Terra é um evento ativo no tempo, portanto, a recriação do mundo, é um evento possível o tempo inteiro.(Foto: Min An/Pexels)
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Neste evento do dia mundial do meio ambiente, gostaríamos de convidar a todos a caminhar.”
Sábias palavras para motivação do público presente ao evento, os quais receberam uma semente da grande responsabilidade que todos nós temos na proteção efetiva do meio ambiente. Durante o evento, Silvio Drezza lembrou do autor Jean Dorst, sendo que complementei citando frase do referido autor no sentido de que: “não temos o direito de exterminar o que não criamos”. Somos terra, somos pó, dependemos do planeta para tudo, não podemos ser os destruidores da vida, mas apenas respeitar e agradecer por tudo que Gaia nos proporciona.

CLAUDEMIR BATTAGLINI
Claudemir Battaglini. Promotor de Justiça (inativo), Especialista em Direito Ambiental, Professor Universitário, Consultor Ambiental e Advogado. Vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Subseção Jundiaí e Vice-presidente do COMDEMA Jundiaí 2023/2025. E-mail: battaglini.c7@gmail.com
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