A tecnologia é uma das maiores forças motrizes da humanidade. Ela nos permite avançar em áreas como saúde, comunicação e transporte, mas também pode ser usada para fins destrutivos. O mesmo drone que transporta órgãos para salvar vidas pode ser usado como arma em um campo de batalha. O exoesqueleto que devolve a mobilidade a uma pessoa pode ser adaptado para criar soldados mais resistentes. A tecnologia, portanto, é uma ferramenta neutra, cujo impacto depende de como a utilizamos.
Tecnologia que salva vidas – A inovação tecnológica tem sido fundamental para salvar vidas em diversas áreas. Na medicina, avanços como vacinas, cirurgias robóticas e inteligência artificial aplicada ao diagnóstico precoce de doenças têm revolucionado o setor. Drones, por exemplo, já são utilizados para transportar órgãos doados, reduzindo o tempo de espera e aumentando as chances de sucesso dos transplantes.
Além disso, exoesqueletos têm permitido que pessoas com mobilidade reduzida voltem a andar, proporcionando uma nova perspectiva de vida. Robôs cirúrgicos, como o Da Vinci, auxiliam médicos em procedimentos delicados, aumentando a precisão e reduzindo riscos.
Tecnologia que mata – Por outro lado, a mesma capacidade tecnológica que salva vidas também pode ser usada para destruí-las. Drones militares são amplamente utilizados em conflitos, como na guerra da Ucrânia, onde são empregados para ataques estratégicos. Armas químicas, desenvolvidas com conhecimento científico avançado, representam uma ameaça global. Exoesqueletos podem ser adaptados para criar soldados mais resistentes, aumentando a letalidade em combates.
A corrida armamentista entre países como Estados Unidos, China, Rússia e Coreia do Norte reflete essa dualidade. Desde a Guerra Fria, há uma busca incessante por armas mais poderosas, enquanto investimentos em áreas como saúde e combate à fome são insuficientes.
O interesse da indústria bélica – A indústria bélica tem um papel crucial na perpetuação de conflitos globais. Guerras e tensões internacionais garantem a demanda contínua por armamentos, gerando lucros bilionários para empresas do setor. Os Estados Unidos, um dos principais pilares dessa cultura, investem massivamente em defesa e armamentos.
Em 2025, o orçamento de defesa dos EUA atingiu US$895 bilhões, incluindo a aquisição de sete navios de guerra, um porta-aviões nuclear, 200 aeronaves e 300 blindados. Além disso, há investimentos em tecnologias emergentes, como mísseis hipersônicos, defesa cibernética e inteligência artificial aplicada ao combate. O país também destina recursos à modernização da tríade nuclear, que envolve mísseis balísticos intercontinentais, submarinos da classe Colúmbia e o avançado bombardeiro B-21 Raider.
Os gastos militares dos EUA superam os investimentos combinados de diversas potências globais, evidenciando a prioridade dada à defesa em detrimento de áreas como saúde e educação. Em 2024, os gastos militares americanos chegaram a US$997 bilhões, um valor que poderia ser redirecionado para pesquisas médicas, infraestrutura hospitalar e programas sociais.
O Desequilíbrio de Recursos – A disparidade nos investimentos entre tecnologia bélica e tecnologia assistiva é alarmante. Bilhões de dólares são destinados ao desenvolvimento de armamentos, enquanto pesquisas para a cura do câncer, combate à fome e mitigação do aquecimento global lutam por financiamento. Medicamentos essenciais chegam ao mercado com preços exorbitantes, tornando-se inacessíveis para grande parte da população.
Para ilustrar essa desigualdade, basta observar o custo de um míssil. Um míssil de cruzeiro Tomahawk, por exemplo, pode custar cerca de US$2 milhões. Esse valor poderia ser investido em pesquisas médicas, infraestrutura hospitalar ou programas de combate à fome, beneficiando milhares de pessoas.
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Um sonho de mudança – Embora pareça uma utopia, é essencial sonhar com um futuro onde o potencial técnico-científico da humanidade seja direcionado exclusivamente para salvar vidas. A tecnologia deve ser uma aliada na construção de um mundo mais justo, onde o conhecimento seja utilizado para promover o bem-estar coletivo, e não para alimentar conflitos.
A escolha está em nossas mãos. Podemos continuar investindo em destruição ou redirecionar nossos esforços para criar um futuro onde a ciência e a tecnologia sejam sinônimos de esperança e progresso.(Foto: Derrick Wandera/Pexels)

REINALDO FERNANDES
É assistente social, pós-graduado em docência no curso superior e em Gestão em Políticas Públicas, tutor presencial na Faculdade Anhanguera, membro titular do CMAS, com experiência em políticas públicas, diversidade e inclusão social. Foi o primeiro coordenador dos Direitos das Pessoas com Deficiência em Jundiaí”
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