O médico Cláudio Miranda foi vereador em Jundiaí em duas legislaturas(2000 e 2004). Ele é evangélico e hoje está filiado ao Republicanos. Para Miranda, a retórica religiosa na Câmara é uma resposta aos constante ataques da esquerda brasileira aos valores cristãos. Já o ex-vereador João Rocha, que está longe de ser um progressista, diz que falar de Deus é bom. Porém, de acordo com ele, é preciso o momento certo e o contexto. A primeira sessão deste ano acontecerá no próximo dia 6. Veja as entrevistas:
O que o senhor acha do discurso religioso que muitos vereadores utilizam durante as sessões?
O estado é laico e cada um tem suas convicções. Se o debate esta mais inflamado agora, é porque os ataques da esquerda aos valores cristãos estão aumentando: ideologia de gênero, aborto e outras questões. É um ataque frequente de uma minoria que quer impor suas ideias. Por outro lado, a grande maioria de brasileiros é de cristãos. É natural que nos parlamentos, os vereadores defendam aquilo que acreditam…
Era assim quando o senhor foi vereador?
Eu fazia isto. Mas não tinha tanto debate porque os ataques não eram tão duros. Hoje existe a tentativa de convencimento de que tudo que não é cristão é normal. Não é bem assim. Todo mundo tem direito de tudo, mas no debate cada um tem seu posicionamento. Eu acompanho as sessões e nunca vi nenhum vereador atacar a religião de outro. Mesmo quando há projetos de viés religioso, nunca vi vereador votar contra porque não tem a ver com a sua religião. (Foto: redes sociais)
JOÃO ROCHA: ORAÇÃO E CITAÇÕES SÃO BOAS. NO MOMENTO E CONTEXTO CERTOS
Não se pode dizer que o ex-vereador João Rocha seja um progressista, como Marilena Negro e Durval Orlato, já entrevistados pelo Jundiaí Agora. Ele foi eleito em 2000 e quatro anos mais tarde, conseguiu a reeleição. Sempre pelo PL que, na época, tinha um perfil liberal conservador. Hoje, o PL é o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e Rocha está sem legenda, esperando para ver os rumos que a política de Jundiaí tomará. Sobre os discursos religiosos que vêm ocorrendo na Câmara de Jundiaí, o ex-vereador afirma que podem acontecer, “desde que no momento certo e dentro de um contexto”.
Como o senhor vê as pregações que vêm acontecendo no Legislativo de Jundiaí?
Oração é algo bom em qualquer lugar. Nunca é mal-vinda. O mesmo se aplica para as citações da Bíblia. Mas tudo deve estar dentro de um contexto. Uma oração, no momento certo, oportuno, é bacana. Agora, falar em nome de Deus em determinados locais, não cai bem. É óbvio que na política, algumas pessoas usam a Bíblia de forma demagoga. Mas, cada um decide o que vai fazer.
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Era assim quando foi vereador?
Eu sou católico e nunca usei a tribuna para falar de religião. Também não vejo problema se alguém fizer na hora certa. É bom lembrar que o estado é laico. Quem governa, governa para todos, independentemente da crença. Vejo como um certo oportunismo usar uma tribuna para um tipo de evangelização. Porém, cada um faz o que quer e acha que é bom. Eu, como um defensor de Deus, Pátria, Família e Liberdade, trato de religião no meu lar, no meu aconchego. Para mim é uma questão de foro íntimo. Na Câmara, o debate político tem divergências de ideias e deve buscar o bem-estar da coletividade. A tribuna do Legislativo não tem nada a ver com evangelização. Mas, quem sou eu para falar alguma coisa? Quem sou eu para condenar?
O Jundiaí Agora tentou entrevistar outros seis ex-vereadores que tiveram atuações que podem ser consideradas ‘moderadas’. Um deles estava hospitalizado. O segundo, ao saber o assunto, preferiu não fazer comentários para evitar atritos com os atuais parlamentares. Os outros quatro não deram retorno. (Publicada originalmente em dezembro de 2023)
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