Jornalistas que trabalharam na década de 1990 e na seguinte falaram ao Jundiaí Agora como era a cobertura política na Câmara Municipal. Pelo depoimento deles fica muito claro que eram tempos bem diferentes. Para Vinícius Prado de Morais, as pregações e citações bíblicas mostram um empobrecimento do debate político. Já Euclides Oliveira afirma que as Câmaras não são igrejas. Vânia Rosão acredita que o parlamento seja lugar de discutir o bem-comum. A opinião dos três jornalistas, lembrando que a primeira sessão deste ano está marcada para o próximo dia 6:
“Eu acompanhei as sessões da Câmara Municipal entre 2000 e 2004. Lembro que algumas sessões eram bastante tumultuadas, principalmente as que ampliavam ou reduziam pagamentos, benefícios ou tratavam de isentar ou sobretaxar setores, empresas, entidades etc. Não consigo me lembrar de uma única vez em que ouvi algum vereador fazer uma citação bíblica específica enquanto ocupava a tribuna. Lembro que havia saudações, como ‘Graças a Deus’, ‘Ó minha virgem santa’. Nada mais do que isso. Eu não consigo achar que exista o certo ou errado sobre isso no Brasil, até mesmo porque acredito que a convivência não-violenta e o respeito à escolha do outro sejam sempre o melhor caminho. Sem dúvida, por outro lado, há sim o empobrecimento do debate político. E o uso de qualquer outra prática, como a ênfase religiosa, em casos assim, só contribuem para que esse empobrecimento permaneça”.(Vinícius Prado de Morais, editor-chefe do Diário do Comércio/foto principal)
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“Estou com 23 anos de profissão, iniciei a carreira em Jundiaí e há 18 anos moro e trabalho como jornalista em Niquelândia, em Goiás. Quando fui repórter setorista na Câmara de Jundiaí, lembro-me bem que havia a citação de um versículo bíblico no início das sessões. Se for apenas isso – ou, no máximo, a Oração do Pai Nosso, que é universal -, eu particularmente não vejo problema algum. Apesar de existirem várias religiões que não seguem os princípios cristãos aqui no Brasil, a maioria da população é predominantemente cristã, sejam católicos ou evangélicos. Agora, as pessoas vão às sessões do Legislativo querendo saber da resolução dos problemas das cidades de uma forma geral, não para serem doutrinadas. Plenário de Câmara Municipal não é Igreja para se invocar a presença de Deus a todo momento. É necessário, no mínimo, bom senso. Eu por exemplo, nas citações de reportagens, quando menciono o trecho da fala de alguém, sempre corto expressões como ‘graças a Deus’, ‘foi obra de Deus’ e coisas do tipo para que o leitor tenha conhecimento da informação que realmente interessa sobre o assunto que estiver sendo tratado”.(Euclides Oliveira, Portal Excelência Notícias/Niquelândia)
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“Quando cobria as sessões da Câmara, os trabalhos ficavam restritos ao âmbito das discussões dos projetos dos vereadores e, principalmente, do Executivo. O Legislativo é um lugar para discutir políticas públicas sem viés religioso e com foco no bem comum. Imagino que as citações só atrapalham e alongam os trabalhos. Talvez a mesa diretora devesse intervir. No entanto, quando um vereador está com a palavra, ele tem liberdade de expressão e fica difícil proibir uma manifestação dele”(Vânia Rosão, jornalista aposentada e colaboradora do Jundiaí Agora/(Publicada originalmente em dezembro de 2023))
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