Ao ser questionado sobre as pregações que vêm ocorrendo na Câmara Municipal de Jundiaí, cuja primeira sessão do ano será amanhã(6), o padre Sílvio Andrei Rodrigues(foto), assessor de imprensa da Diocese, lembrou que este fenômeno se acentuou a partir das últimas eleições em todo o país. Ele afirma que um político não pode instrumentalizar a religião, a fé e a Bíblia em benefício próprio e de suas causas. Como Deus vê esta instrumentalização? O padre cita Jesus. “Ele sempre conversou com todos. Porém, foi veemente com os fariseus. Eles se achavam santos e se apropriavam da palavra de Deus”. A entrevista com o assessor de imprensa da Cúria de Jundiaí:
Como a Igreja Católica analisa estas pregações frequentes que estão acontecendo nos Legislativos, em especial na Câmara Municipal de Jundiaí?
A Igreja tem apreço à política como exercício democrático do bem comum. Todos são respeitados. Não interessa o gênero, classe social, religião. Um político, independentemente da religião, tem que legislar ou governar para todos. O Papa Francisco já disse que a política é o mais elevado meio de se fazer o bem. No Brasil temos a Pastoral Fé e Política, onde acreditamos que o exercício da boa política é uma forma de viver o evangelho. A nossa Diocese faz encontros anuais com políticos. Eles são convidados a participar. No próximo ano, o encontro reunirá pré-candidatos a prefeito, vice e vereador. Deverá ocorrer no dia 6 de abril. A perspectiva destas reuniões é da formação política apartidária. A Igreja entende que um vereador não pode instrumentalizar a religião nem a favor dele nem de suas próprias causas. Agora, os vereadores quando sobem na tribuna não se despem da religião. Imagino que o discurso acabe sendo permeado pela experiência religiosa de cada um, mas sem instrumentalização da fé.
A Diocese já deu algum tipo de orientação aos vereadores católicos?
Não houve um encontro específico com os católicos. Fazemos os encontros com todos, independentemente da religião. E sempre enfatizamos a importância da não instrumentalização da religião, da Bíblia, da fé nas Câmaras. Percebemos, infelizmente, que algumas tribunas tem se tornado púlpitos e alguns púlpitos estão se tornando tribunas. Isto é um equívoco.
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Como Deus encara isto?
À luz da Bíblia, à luz da fé, a pregação de Jesus nunca foi de instrumentalização. Sempre foi de respeito. Ele sempre conversou com todos. No tempo dele era inimaginável um homem falar com uma mulher em um lugar público. Se ela fosse estrangeira, pior ainda. E ele conversou com a samaritana. Ele não se prendeu a paradigmas. Em Jesus, qual seria o arquétipo político? O respeito a todos e não usar o nome de Deus em vão…
Curioso é que nestas pregações na Câmara utilizam mais citações do Velho Testamento do que do Novo Testamento…
Isto ocorre exatamente para fugir do arquétipo de Jesus, que conversou com o desonesto, com a prostituta, com os leprosos. Ele se encontrou com todos e sempre os tratou com respeito. Sabe com quem Jesus foi veemente? Com os fariseus, que se achavam santos e perfeitos e apontavam os outros. Eles se apropriavam da palavra de Deus na época.
Em benefício próprio, não é?
Sempre para defender as próprias ideias. Os fariseus se achavam santos e os outros todos perdidos…(Foto: www.sbj6.com.br)
O Jundiaí Agora tentou conversar com evangélicos, inclusive com o Conselho de Pastores da cidade. Um contato foi feito através das redes sociais e, até o momento, não houve retorno. Também foi feito contato, por e-mail, com Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos(ATEA), que não respondeu aos questionamentos enviados. Antes desta série ter início, o presidente da Câmara, Antônio Carlos Albino, foi informado. O JA salientou que está à disposição para publicar os esclarecimentos que o(s) vereador(es) achar(em) necessários.(Publicada originalmente em dezembro de 2023)
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